Psicólogo alerta para exagero na corrida pelo corpo perfeito

Estudo “Vigorexia e Imagem Corporal – Análise de comunidade do Orkut”, realizado no Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte na Unesp Rio Claro, enfoca temáticas associadas à autoimagem distorcida em quadro psicologicamente doentio. Pesquisadores concluíram que a busca pelo “corpo perfeito” pode levar os adeptos de atividades físicas regulares à beira da insanidade. Segundo Afonso Machado, coordenador da pesquisa Vigorexia e Imagem Corporal e especialista em Psicologia do Esporte, o distúrbio obsessivo do exercício físico sob o pretexto de boa saúde traz uma contradição, em que os portadores colocam em risco a própria constituição física, com práticas excessivas, que, ao invés de trazerem saúde, podem provocar efeitos negativos no corpo. O pesquisador destaca que as redes sociais se tornaram ponto de encontro dos adeptos. Porém, a exposição virtual sem controle e acompanhamento profissional adequado pode gerar uma série de riscos aos seus usuários.

A pesquisa, iniciada em 2012, tinha como objetivo fazer uma análise do perfil de imagem corporal de jovens que praticam modalidades, como musculação, em academias. “São jovens que, de forma geral, são usuários de esteroides ou outros tipos de anabolizantes e não dizem que são por preconceito, já que a sociedade publicamente restringe essa prática, embora a transformação corporal da forma como acontece deixa nítido que há problema de uso de esteroides e anabolizantes”, reflete.

Afonso Machado destaca que a ciência da motricidade ou educação física comprova que uma pessoa não consegue transformar o próprio corpo em dois ou três meses de academia. “Só academia é impossível, mas quando existe realmente a possibilidade de uma transformação rápida da imagem corporal, de certa forma, essas pessoas buscam essa transformação. Na psicologia usa-se a expressão “body line” ou “linha do corpo”, e poderíamos dizer que essas pessoas chegam à beira da loucura para conseguir essa transformação”, afirma. O especialista alerta que a busca intensa, exagerada e irracional por um corpo “capa de revista” ou um corpo que siga o padrão idealizado pela sociedade de consumo nada mais é do que uma insanidade, já que, para conseguir resultados rápidos, as pessoas destroem o próprio corpo.