SAÚDE

Remédio para leucemia aguda só tem estoque para seis meses

O tratamento para a leucemia linfoide aguda - principal leucemia da infância e que afeta também os adultos - pode ficar comprometido pela falta de um medicamento sem substituto no mercado brasileiro

Publicado em 20/01/2013 às 14:44Atualizado em 19/12/2022 às 15:11
Compartilhar

O tratamento para a leucemia linfoide aguda - principal leucemia da infância e que afeta também os adultos - pode ficar comprometido pela falta de um medicamento sem substituto no mercado brasileiro.

O risco potencial é reduzir a sobrevida de 3.000 pessoas que se tratam dessa leucemia no país por ano. A doença na criança tem índices de cura que se aproximam de 90%.

Em dezembro, a empresa brasileira que comercializa o Elspar (L-asparaginase), o laboratório Bagó, avisou os médicos que o fabricante estrangeiro encerrou a produção.

A empresa afirma ter estoque para seis meses. Até lá, espera encontrar outro fabricante e iniciar o registro junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Já fui à Índia, à Europa e vou à China na semana que vem. Mas não encontro fabricantes adequados à nossa legislação”, diz Soraia Morais, diretora técnica

da Bagó.

Apesar do estoque, já há dificuldade de encontrar o Elspar. Um hospital em Passo Fundo (RS), por exemplo, tem três doses disponíveis, o que já não atenderia o tratamento de duas crianças acompanhadas no centro.

A falta da L-asparaginase faz parte de um problema maior: mundialmente há o risco de desabastecimento de remédios, o que já mobilizou até o presidente americano Barack Obama, segundo Cláudio Galvão de Castro Junior, hematologista do hospital Albert Einstein. “São drogas altamente eficazes, mas que, por serem baratas e terem nicho de mercado pequeno, estão deixando de ser produzidas.” A dose da asparaginase não chega

a custar R$ 100.

Tragédia. A eventual falta da asparaginase é vista por especialistas como “uma tragédia”. “Seria retroceder 15 anos. A asparaginase é impar e insubstituível”, diz Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini.

Por ano, o centro atende cem novos casos dessa leucemia. A maior parte dos doentes tem entre quatro e seis anos.

Uma das pequenas pacientes é Naomi, de apenas dois anos. A mãe da menina, Iole Shirasawa, conta que ouviu da médica sobre a possível falta de estoque. “A gente fica preocupada, ela necessita dessa medicação. Ela e tantas

outras crianças.”

Uma saída emergencial para evitar a falta do remédio é o hospital importar o produto diretamente de fornecedores no exterior, mesmo sem o registro na Anvisa, afirma Carla Macedo, presidente da Sociedade Brasileira de

Oncologia Pediátrica.

O Ministério da Saúde informou que abrirá, na próxima semana, um chamamento para que laboratórios apresentem, em caráter de urgência, uma alternativa para atender a

demanda nacional.

Em caso de emergência, segundo o ministério, deverá ser importado o medicamento similar disponível.

 

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por