O guitarrista Edward Van Halen, que morreu no começo de outubro em decorrência de um câncer na garganta, acreditava ter desenvolvido a doença devido ao hábito de deixar as palhetas de metal na boca, enquanto dedilhava as cordas de sua guitarra. Embora nunca tenha sido confirmada pelos médicos como verdadeira origem do tumor, a tese de Eddie acende o alerta sobre o risco de se colocar objetos estranhos na boca.
Mesmo que nem sempre possam ser relacionados a eventuais casos de câncer, hábitos como roer unhas, lápis ou tampas de canetas, cortar fios, mastigar gelo, mascar chicletes e palitos de madeira e até mesmo abrir embalagens plásticas e garrafas com os dentes podem ser altamente nocivos. “Os dentes foram feitos para que a pessoa possa mastigar”, explica o odontólogo Edmilson Pelarigo.
Segundo ele, a ansiedade é causa frequente para o surgimento deste tipo de cacoete, que deve ser evitado sempre que possível. “Mas todos esses comportamentos podem desgastar estrutura de esmalte, quebrar os dentes e ainda trazer danos para a gengiva”, alerta Pelarigo. Além de prejuízos à saúde dental, da língua, das gengivas e da boca como um todo, alguns hábitos podem trazer efeitos colaterais em outras áreas, como resultado da ingestão de forma quase imperceptível de substâncias químicas.
Em época de pandemia, os cuidados devem ser redobrados, uma vez que a boca é uma das principais vias de contaminação. Por isso, hábitos como molhar o dedo na língua para desgrudar a sacola do supermercado ou para contar dinheiro devem ser abandonados, além de ser anti-higiênico, o hábito aumenta o risco de contaminação por doenças como a Covid-19.
Por fim, Pelarigo chama a atenção para a necessidade de substituição das escovas de dentes a cada três meses, no máximo. “A escova tem uma vida útil, em razão do desgaste das cerdas”, explica o odontólogo. “Um problema maior que pode ser causado por bactérias presentes em escovas muito usadas é a endocardite, doença infecciosa que afeta o endocárdio, revestimento interno do coração. Muitos dos problemas cardíacos registrados hoje são resultado de bactérias de origem bucal.”