Muitos são os benefícios do parto normal para a criança e a mãe, sendo, inclusive, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) como o parto ideal. A OMS indica o cesariano apenas para casos realmente necessários, bem como a adoção de procedimentos humanizados e que ofereçam uma assistência segura à mulher, além do uso apropriado de tecnologia para gestantes e bebês. Contudo, a maior parte dos hospitais da rede pública de saúde do estado de São Paulo não segue essas recomendações.
Segundo estudo realizado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), que analisou 158 gestantes em dois hospitais da rede pública do estado (um que adota o parto humanizado e outro que segue o modelo convencional), a vontade e o bem-estar das grávidas não são priorizados na hora do parto.
Claudia de Azevedo Aguiar, responsável pelo estudo, explica que o profissional de saúde não tem o preparo ideal para
lidar com as emoções da mulher que está em trabalho de parto.
As mulheres analisadas eram consideradas saudáveis e aptas à realização do parto normal. Entretanto, por motivos diversos, não esclarecidos em seus prontuários, foram submetidas à cesariana. “Algumas intercorrências podem levar a uma mudança de planos na realização do parto. O que ficou claro no estudo é que muitas mulheres poderiam ter seus bebês pelo parto normal, mas, em função de intervenções excessivas ou por decisão arbitrária médica, elas foram impedidas”, explica Claudia.
A pesquisadora destaca que o parto normal é mais seguro, pois é menos invasivo e tem perda de sangue e uso de medicamentos menores, além de apresentar taxa de mortalidade mais baixa. “Infelizmente, a cultura popular cultiva uma visão errada do parto normal, como algo muito doloroso. Claro que existe dor, mas todas as mulheres são capazes de passar pelo parto normal”, afirma Claudia.