O mastologista Leandro Ovidio Facure de Vito, que atua no Hospital Hélio Angotti, destaca que o aspecto emocional ...
O mastologista Leandro Ovidio Facure de Vito, que atua no Hospital Hélio Angotti, destaca que o aspecto emocional é fundamental e pode ter peso importante, positivo ou negativo, antes da decisão pela mastectomia redutora de risco contra o câncer de mama. “No momento em que a mulher está enfrentando um sofrimento pessoal, ela pode tomar uma decisão errada. Alguns estudos demonstram que, depois de cinco anos de cirurgia, grande parte das mulheres se arrependem de ter feito esse procedimento, porque o resultado estético nunca será perfeito. Existem boas técnicas de reparação, mas nunca chega à perfeição. E grande contingente de mulheres se arrepende dessa decisão, principalmente quando a decisão é tomada emotivamente”, informa.
De Vito destaca que o procedimento nunca deve ser incentivado. E revela que, no Brasil, as mulheres que têm um tumor em uma das mamas passam por esse tipo de mastectomia na mama contralateral. “Por exemplo, a mulher tem um pequeno câncer na mama direita, ela trata a mama em que está o câncer e faz a redutora de risco na mama contralateral, ou seja, na mama esquerda. Isso é frequente, quer dizer, tratar a segunda mama quando a primeira já está com um tumor diagnosticado, mas também depende de fatores de risco. Não tiramos a segunda mama só porque a primeira teve câncer.
A retirada é feita quando há outro fator de risco, ou seja, quando também há a mutação genética, o risco familiar ou uma biópsia prévia”.
Embora o teste genético seja encontrado comercialmente no Brasil, ele custa em torno de R$ 3 mil a R$ 5 mil, mas não é muito aplicado por não ter valor ou peso importante no diagnóstico quando feito sem a existência dos demais fatores de risco. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) e os convênios de saúde não só não ofertam o exame genético como não disponibilizam a mastectomia redutora de risco do câncer. “Fazer o exame só por curiosidade não vale a pena e também não vai trazer benefício algum para a saúde da mulher. Pelo contrário, só vai trazer pânico e desconforto. O que levou a atriz Angelina Jolie a fazer essa cirurgia, e ela declara isso, foi o sofrimento pessoal gerado pela convivência familiar com a mãe, que morreu de câncer. Além disso, há vários estudos de impacto psicológico demonstrando que as filhas ou as irmãs das mulheres que apresentam câncer de mama têm sofrimento psicológico muito maior do que a própria pessoa que vivencia a doença. Por acompanhar as dificuldades da doença, de uma quimioterapia, a cirurgia e o sofrimento da outra pessoa, a filha ou irmã acabam perdendo qualidade de vida”, completa o mastologista. (TM)