Dois novos medicamentos contra hepatite C serão incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS). Mais modernos e eficazes, o Telaprevir e o Boceprevir devem beneficiar nada menos que quase 6 mil pacientes, em geral portadores de cirrose e fibrose avançada, ou seja, pessoas que fazem parte do grupo de maior risco de progressão da doença e de morte. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante lançamento de campanha nacional contra hepatites virais na Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Brasília (DF), com o intuito de romper com o silêncio em relação às hepatites virais no mundo inteiro. Para o ministro esta é uma doença silenciosa, sem sinais ou sintomas, e por isso necessita de melhores ações de prevenção e diagnóstico.
Hoje, em torno de 33 mil casos de hepatites dos tipos A, B, C, D e E são notificados anualmente no país. Em Uberaba, balanço da Secretaria Municipal de Saúde revela que em 2011 foram diagnosticados 158 casos de hepatite, sendo 4 do tipo A, 3 dos tipos B e C, um dos tipos A e C, com a prevalência maior das hepatites B, com 60 casos, e C, com 90 resultados positivos. Este ano, já foram registrados mais 27 casos de hepatite no município, sendo um do tipo A, 15 do tipo B e 11 do tipo C.
De acordo com a gastroenterologista e responsável pelo Ambulatório de Hepatites da UFTM, Geisa Perez Gomide, o SUS ainda não está fornecendo os dois medicamentos, pois passam pela avaliação de uma comissão técnica do Ministério da Saúde para viabilizar a melhor forma para a distribuição desses medicamentos e para quais tipos de pacientes eles serão eficientes. “O que nós temos hoje é o tratamento tradicional, que utiliza duas medicações e é eficaz, acabando por matar o vírus em cerca de 60% dos pacientes. Ou seja, 40% ainda ficam com o vírus e permanecem com a doença”, esclarece.
No entanto, a especialista ressalta que, com a introdução do Telaprevir e do Boceprevir, será possível alcançar uma taxa maior de cura, embora apenas nos pacientes infectados por um dos diversos vírus causadores da hepatite C. “Até agora, esses medicamentos já utilizados são destinados a todos os tipos de vírus da hepatite C. Os novos funcionarão apenas para o tipo 1 da hepatite C, mais comum e mais difícil de ser tratado. É o que menos cura com o tratamento tradicional. Então, com a adição desses medicamentos novos, esperamos conseguir matar o vírus em um número maior de pacientes”, completa Geisa Perez. A expectativa é de que até o fim deste semestre ou início de 2013 o ambulatório tenha acesso a esta nova alternativa de tratamento.