No Brasil, acontecem cerca de 3 milhões de partos por ano e não há aproveitamento do cordão
Se as células-troco encontradas em cordão umbilical se transformaram em alternativa para doenças do sangue, outras pesquisas científicas têm evidenciado um papel importante das terapias biocelulares na recuperação dos diversos tipos de lesão do aparelho locomotor. Situações em que a dificuldade de cicatrização era grande têm mostrado resultados promissores com nova técnica. Um exemplo disso são os enxertos biocelulares doados pela própria pessoa e com alta capacidade regenerativa.
Segundo o especialista em Ortopedia, Medicina Esportiva e Medicina Regenerativa, José Fábio Lana, enxertos em que a pessoa doa para ela mesma têm sido praticados na medicina desde o século 19. “Em Ortopedia e Traumatologia usamos osso do ilíaco para colocar em outra parte do corpo, como no fêmur, tíbia ou úmero. Muitas vezes, as fraturas causam perda óssea, que necessita de reposição e é aí que usamos a autodoação. Em cirurgia plástica é comum a retirada de pele e gordura de uma região para o implante em outro local deficiente, tanto em procedimentos estéticos como em cirurgias reparadoras”, explica Lana.
O uso de enxertos biocelulares segue o mesmo raciocínio, porém usando células concentradas, e não o tecido como um todo. “A aplicação de um concentrado celular da medula óssea, rico em um grupo de células mononucleares, tem uma pequena porcentagem de células-tronco chamadas mesenquimais. A gordura chega a concentrar cerca de quatro vezes mais células-tronco. As plaquetas são derivadas do megacariócito – uma célula precursora – na medula óssea e exercem um importante papel na regeneração dos órgãos e tecidos”, revela. Segundo o especialista, elas são capazes de induzir a proliferação dessas células-tronco, assim como transformá-las em outros tipos celulares.
Nesse sentido, é possível utilizar essas células já disponíveis no organismo para reparar regiões onde há perda de tendões, cartilagem e osso. “Como é autodoação, não há processo de rejeição ou qualquer reação alérgica. Portanto, o uso desses enxertos, ricos em células-tronco e estimulados com os fatores de crescimento liberados das plaquetas, tem crescido em todo o mundo como uma terapia promissora e com ausência de efeitos colaterais”, afirma o ortopedista. Técnica funciona com o uso de ultrassonografia Atualmente, o concentrado é aplicado no local exato onde existe a lesão. O médico explica que isso só é possível com o uso de aparelhos de ultrassonografia, através de um procedimento chamado de punções ou bloqueios guiados. “O aparelho consegue auxiliar o médico a posicionar as agulhas dentro das estruturas que receberão o tratamento recomendado, ou seja, nas áreas calcificadas, dentro do menisco, na área da lesão da cartilagem, no tendão ou músculo estirado e ainda na região exata da falha óssea”, frisa. Sendo assim, há uma precisão milimétrica no procedimento, proporcionando melhor resultado no tratamento regenerativo.