Portaria do Ministério da Saúde publicada no Diário Oficial da União incorpora a oximetria de pulso, também conhecida como teste do coraçãozinho, como parte da triagem neonatal do SUS
Portaria do Ministério da Saúde publicada no Diário Oficial da União incorpora a oximetria de pulso, também conhecida como teste do coraçãozinho, como parte da triagem neonatal do Sistema Único de Saúde (SUS). O exame é capaz de detectar precocemente cardiopatias graves e diminui o percentual de recém-nascidos que recebem alta sem o diagnóstico de problemas que podem levar ao óbito ainda no primeiro mês de vida. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatra indicam que, em cada mil bebês nascidos vivos, de oito a dez podem apresentar malformações congênitas, entre os quais dois podem ter diagnóstico de cardiopatias graves, com a necessidade de intervenção médica o mais rápido possível.
Segundo a pediatra e neonatologista Valquíria Cardoso Alves, cerca de 30% desses recém-nascidos recebem alta hospitalar sem o diagnóstico, deixando de receber o tratamento adequado. Nesse caso há evolução do problema para choque, hipóxia, que é a falta de oxigenação, ou óbito precoce. “O teste do coraçãozinho é um exame simples, indolor e rápido, que deve fazer parte da triagem de rotina de todos os recém-nascidos, pois é importante para o diagnóstico precoce da cardiopatia congênita crítica”, destaca.
Valquíria ressalta que são consideradas cardiopatias congênitas críticas aquelas em que a apresentação clínica decorre do fechamento ou restrição do canal arterial, que caracteriza as cardiopatias canal-dependentes. Entre elas estão a atresia pulmonar, tetralogia de Fallot, síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coartação de aorta crítica e transposição das grandes artérias. “Durante a gestação, o sangue do bebê é desviado dentro do coração por alguns orifícios, como o canal arterial e o forame oval, para não passar pelos pulmões. Quando o bebê nasce, ao chorar, ele expande os pulmões e começa a respirar, fechando esses orifícios. Após 24 a 72 horas, esses orifícios são definitivamente fechados”, explica.
A pediatra afirma que existem algumas cardiopatias que são graves, mas que não se manifestam clinicamente até que o canal arterial se feche. “No Brasil, a maioria das mães e seus recém-nascidos recebem alta hospitalar após 24 a 36 horas, período anterior ao fechamento do canal arterial, não sendo possível fazer o diagnóstico de cardiopatia”, alerta.