As doenças ocupacionais, relacionadas ao ambiente de trabalho, afetam e afastam de seus empregos milhares de pessoas todos os anos
Tensões, angústias e conflitos sobrecarregam o corpo e podem levar também a acidentes
As doenças ocupacionais, relacionadas ao ambiente de trabalho, afetam e afastam de seus empregos milhares de pessoas todos os anos no país. Em Uberaba, o setor químico é responsável por boa parte desses registros. Na cidade estão instaladas grandes indústrias químicas que produzem pesticidas, agrotóxicos, fertilizantes e que possuem grande número de empregados.
Intoxicação por metais pesados encabeça a lista de enfermidades que mais prejudicam os trabalhadores. Metais como alumínio, arsênio, cádmio, chumbo, mercúrio, quando absorvidos pelo corpo humano, depositam-se no tecido ósseo e gorduroso, ocupando o lugar de minerais nobres. Liberados no organismo, atacam o sistema nervoso central, provocando uma série de doenças, até mesmo o câncer.
A forma de organização do trabalho, duração das jornadas, a intensidade, monotonia, repetitividade, alta responsabilidade e, principalmente, a forte pressão por produtividade, levando as pessoas para muito além dos limites saudáveis, são fatores que podem provocar distúrbios psíquicos nos trabalhadores. Modificação do humor, fadiga, irritabilidade, cansaço por esgotamento, isolamento, distúrbio do sono (falta ou excesso), ansiedade, pesadelos com o trabalho, intolerância, descontrole emocional, agressividade, tristeza, alcoolismo e falta ao trabalho são sinais de alerta para o trabalhador. Estes podem vir acompanhados de sintomas físicos, como dores (de cabeça ou no corpo todo), perda do apetite, mal-estar geral, tonturas, náuseas, sudorese, taquicardia etc. As tensões, angústias e conflitos presentes no ambiente de trabalho sobrecarregam o corpo e podem levar também a acidentes e contribuir para agravar outras doenças profissionais.
As Lesões por Esforços Repetitivos, mais conhecidas como LER, são os movimentos repetidos de qualquer parte do corpo que podem provocar lesões em tendões, músculos e articulações, principalmente dos membros superiores, ombros e pescoço, devido ao uso repetitivo ou à manutenção de posturas inadequadas. A síndrome do Carpo, exemplo dessas doenças chamadas de LER, em geral manifesta-se por dormências, principalmente no polegar, indicador e médio, mas que também podem ocorrer em outros pontos na mão. As dormências, denominadas parestesias, ocorrem principalmente após a pessoa se deitar para dormir. As vítimas mais comuns são os trabalhadores de linhas de montagem das indústrias.
“As empresas, em sua maioria, costumeiramente, tentam descaracterizar a doença ocupacional de seu trabalhador, devido a um custo adicional com a previdência. O sindicato apoia o trabalhador para que seja reconhecido junto à empresa e à previdência. Encaminhamos para médicos e, se for necessário, também para advogados”, afirma Glauco Lima, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Uberaba e Região (Stiquifar).