Psiquiatra Daniel Jácomo explica que o tratamento deste transtorno é baseado em estabilizadores de humor
Pelo menos 1,5% da população alterna o humor entre euforia e depressão. Oscilações de humor marcadas por manias que frequentemente afetam não só a pessoa, mas amigos e, principalmente, familiares. Comprometendo relacionamentos, finanças e a capacidade social e ocupacional. Mas esse problema não é tão simples como parece. A pessoa que apresenta essas oscilações pode ser portadora do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). Isto porque esses sintomas são exagerados e geralmente vêm associados a cargas de irritabilidade. “Não é qualquer mudança de humor ou pequenas manias que todos temos, mas é aquela pessoa que se sente muito eufórica ou o todo poderoso, episódios que duram no mínimo uma semana, para a depressão do tipo 1”, conta o psiquiatra Daniel Jácomo Maud. No total, existem quatro tipos de TAB e ainda outras formas mais amenas que não são caracterizadas por uma tipologia, e passam despercebidas pelo diagnóstico, afetando até 8% da população. “Essas pessoas têm difícil diagnóstico. Passam por diversos tratamentos antidepressivos e não melhoram, pelo contrário”, completa o especialista. Para o psiquiatra, o impacto que a doença tem na vida do portador chega a ser incapacitante. “Principalmente quando não é feito o tratamento correto, tanto na fase depressiva, em que a pessoa não consegue fazer nada, quanto na eufórica, em que a pessoa passa a querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo e acaba não fazendo nada por completo”, afirma. É um distúrbio grave e, apesar de não se falar em cura, pode-se dizer que é possível controlá-lo através de medicamentos e psicoterapia que levam o indivíduo a ter uma vida mais próxima do normal. Isso dependerá da adesão do paciente ao tratamento contínuo. Embora a causa mais conhecida sejam fatores genéticos, o psiquiatra Daniel Jácomo destaca que fatores ambientais como traumas e uso de medicamentos ou drogas podem desencadear a doença. Tratamento. De acordo com Maud, dependendo da fase em que o portador do transtorno encontra-se, o tratamento é baseado em estabilizadores de humor e algumas vezes no uso de antipsicóticos. Ele lembra também que há tratamentos alternativos, como as psicoterapias, que implicam na mudança de hábitos e no estilo de vida. “Elas ajudam a pessoa a aceitar a sua condição e a lidar com as fases da doença quando aparecem os sintomas. Além disso, os hábitos de vida são muito importantes. Ter um sono regular e saudável, evitar o uso de bebidas alcoólicas ou drogas, e manter uma alimentação balanceada são essenciais”, frisa.