Tratamento de joanete consiste em evitar progressão da deformidade

Diferente de outros problemas ortopédicos, não há método conservador que sirva para o tratamento do joanete já instalado. Até o momento, o uso de afastadores interdigitais e outros métodos paliativos não se mostrou eficaz para a redução das anormalidades desenvolvidas pela deformidade. A cirurgia do joanete ficou com má fama por causa da dor que causava e dos altos índices de insucesso.

Há alguns anos, a deformidade voltava em 30% a 40% dos casos. Hoje, segundo especialistas, esse número caiu para 5%, e muitos pacientes saem andando do hospital. Mesmo simplificada, a cirurgia para eliminar o joanete só é recomendada para quem sente muita dor e desconforto. Se a motivação for somente estética, por mais que eles incomodem, o procedimento não é indicado.

O ortopedista, especialista em Pé e Tornozelo, Luis Fernando Araújo Júnior, explica que o tratamento conservador, como uso de calçados especiais com câmara anterior ampla e palmilhas de acomodação, tratamento das bursites e calosidades dorsais e plantares, restringe-se à prevenção do aparecimento do quadro completo e visa a impedir a progressão ou apenas dar suporte àqueles pacientes que não disponham de condições gerais ou locais para ser submetidos ao tratamento cirúrgico.

Nas crianças e adolescentes portadores de hálux valgo, o médico indica a utilização de aparelhos noturnos, como órteses plásticas confeccionadas sob medida, para evitar a progressão do quadro. “Estudo realizado na Escola Paulista de Medicina, da Unifesp, demonstrou que não se consegue corrigir a deformidade já instalada, mas evita-se a rápida progressão dos desvios enquanto amadurece o aparelho locomotor. Vários pacientes tratados por esse método durante a juventude optaram pelo tratamento cirúrgico definitivo, em função da dor e do temor do agravamento do incômodo”, ressalta.

Luis Fernando afirma que são inúmeras as técnicas descritas na literatura médica para o tratamento do joanete. “O critério de escolha de uma dessas técnicas e sua aplicação dependem da análise do quadro clínico, das radiografias e do estabelecimento de metas e objetivos do paciente, em conjunto com seu médico. É imprescindível o estudo detalhado de cada caso e a apresentação criteriosa das possibilidades terapêuticas possíveis. O conhecimento, por parte do paciente, de todos os prazos, dificuldades e restrições que ele deve enfrentar durante o período de tratamento e recuperação, bem como das limitações impostas pela gravidade de sua deformidade, são fundamentais para atingir a satisfação”, alerta.

No entanto, o ortopedista lembra que não há método de tratamento, seja conservador ou cirúrgico, que se aplique a todos os graus da deformidade. Segundo ele, existem linhas de conduta que devem nortear o médico na escolha adequada do tratamento para cada caso em particular.