A fila para rins chega a 450 pacientes, mas em 2012 houve 39 doações de múltiplos órgãos, ou seja, cerca de 70 rins, enquanto outros 1300 em diálise ainda nem entraram na fila
Uberaba e os 26 municípios que fazem parte da Superintendência Regional de Saúde (SRS) precisam ter pelo menos 30 doações de múltiplos órgãos por ano. Para melhorar esse número foi implantada, em maio, a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) de Uberaba, cujo coordenador é o médico Shigueo Iwamoto, em uma parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG). A unidade já foi apresentada para, em breve, começar a funcionar em mais 10 hospitais nos municípios de Araxá, Frutal, Iturama e Uberaba.
De acordo com Thomson Marques Palma, coordenador da Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO Oeste), a estrutura é dividida em macrorregiões, sendo que a Oeste compreende seis centros regionais no Triângulo Sul, Triângulo Norte e Noroeste, responsáveis por atender 87 municípios e uma população de 2 milhões e 500 mil pessoas. “O que a Organização Mundial de Saúde preconiza como um bom número é 20 doadores por milhão de habitantes. O Brasil, em 2012, fechou a média com 12,6 doadores por milhão, a média de Minas Gerais é de 12,5 doadores e a Central Oeste chegou a 15,8 doadores por milhão de habitantes”, revela.
Dificuldades. O coordenador destaca que quando se fala em lista de espera é preciso entender que existe um fator limitante, que é a acessibilidade. Para Palma, isso significa dizer que um paciente, com uma doença grave de coração, nem sempre consegue chegar a um centro de transplante a 600 km de distância. “Então é preciso trabalhar bem o processo de doação e de captação para, no futuro, implementar os programas de transplante. Em longo prazo, a ideia é de que a Central Regional Oeste seja o segundo polo transplantador do Estado, realizando transplantes de rins, córnea, fígado, pâncreas, medula óssea, coração e pulmão”, informa.
Atualmente, são feitos apenas transplantes de córneas e rins, ainda com muitas dificuldades. “Nessa regional, a fila de espera para córneas é de 60 pacientes, que esperam em torno de três a cinco meses. A fila para rins chega a 450 pacientes, estes sim precisam do nosso empenho. No ano passado chegamos a 39 doadores de múltiplos órgãos, portanto, pouco mais de 70 rins. Isso quer dizer que os pacientes da lista tendem a permanecer mais de cinco anos na fila, muitos deles esperam há 15 ou 18 anos”, alerta o especialista, ressaltando que em diálise existem outros 1.300 pacientes que ainda nem entraram na lista.
Thomson Marques Palma esclarece que o transplante é um procedimento de alta complexidade, o que exige centros de excelência, geralmente são os hospitais universitários, como os hospitais da UFTM, em Uberaba e da UFU, em Uberlândia. “Somente em 2010, foi proposto um sistema de reestruturação. Isso vem em um bom momento, pois contamos com estruturas mais adequadas, tanto no ponto de vista físico, quanto de recursos humanos, para que esses novos transplantes possam ser implementados nos próximos cinco anos”, completa.