Há cerca de cinco anos, a Bayer selecionou e convidou médicos da disciplina de Cirurgia Vascular da UFTM para ser...
Há cerca de cinco anos, a Bayer selecionou e convidou médicos da disciplina de Cirurgia Vascular da UFTM para ser um braço do grupo de pesquisas da farmacêutica alemã, no Brasil, de um novo anticoagulante, mais moderno e com baixo risco, que atuaria em um setor específico, muito importante, da coagulação, o Fator X. Escolhida junto com outras quatro instituições universitárias de ponta no Brasil, a equipe de Cirurgia Vascular da UFTM juntou-se a 28 países para a realização da pesquisa clínica internacional do novo medicamento, o Rivaroxaban, medicação dada por via oral, que inibe a ativação do Fator X, um dos mais importantes da cascata de coagulação.
A equipe de Cirurgia Vascular teve à frente, como investigador principal, o médico Ricardo Soffiatti Mesquita e, como coordenadores, os médicos Luiz Gustavo Nunes, Karoline Faria e Larissa Vilarinho. “Foi importante porque se provou, durante nosso trabalho, que, além de ser eficaz, o medicamento apresentou baixo risco de complicações em que os testes terapêuticos foram excelentes. Os pacientes evoluíram muito bem e hoje o medicamento faz parte do arsenal terapêutico usado pelos médicos vasculares, cardiologistas, hematologistas e clínicos, com ampla utilização no âmbito hospitalar e ambulatorial”, afirma Soffiatti.
A aplicação via oral do Rivaroxaban foi liberada pelas autoridades sanitárias dos Estados Unidos (FDA) e da Europa (Emea) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil para várias doenças do sistema cardiovascular. Ainda de acordo com o médico, esse medicamento já está no mercado com altos níveis de segurança. “É um medicamento via oral seguro, que não requer uso de exames de sangue de rotina, que é aquela picada de 15 em 15 dias para testar a coagulação do paciente, pois ele apresenta níveis estáveis no sangue. Isso vai ajudar a desafogar os bancos de sangue dos hospitais”, explica.
Outra vantagem do novo medicamento, segundo o especialista, é que a sua absorção e seu efeito no organismo não sofre a ação de alimentos ingeridos pelo paciente. Ou seja, agora a pessoa poderá consumir, por exemplo, verduras de folha, o que geralmente desregulava a coagulação nos casos de tratamento com o anticoagulante normal. O Rivaroxaban tem poucas contraindicações como, por exemplo, não deve ser utilizado em pacientes que fazem uso de medicações antivirais, pois, associadamente, podem causar dano ao fígado. Para Soffiatti, as atuais e futuras gerações de pacientes serão muito beneficiadas com o medicamento.