Na semana anterior, a Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos e dos Produtos de Saúde (ANSM) da França associou a morte de quatro mulheres por trombose ao uso contínuo do medicamento e investiga outras 25 mortes por coágulos sanguíneos nos últimos 27 anos. A Agência decidiu suspender o produto do mercado, o que está repercutindo no mundo todo, mas ainda acompanha o caso antes de tomar alguma medida. No entanto, de acordo com a Associação de Proteção do Consumidor, a Proteste, o medicamento Diane 35 produzido pelo laboratório Bayer, assim como qualquer outro disponível no mercado, combina estrogênios e progestágenos e apresenta riscos de efeitos colaterais, como acidente vascular cerebral e trombose venosa, como descritos na bula.
Ainda de acordo com a Proteste, inicialmente foi desenvolvido para tratamento de distúrbios andrógeno-dependentes, como acne, alopecia androgênica, hirsutismo e síndrome de ovários policísticos, mas tem se tornado comum sua indicação como anticoncepcional. Mas o ginecologista Rogério Dias ressalta que é preciso receber esse tipo de informação com cautela. “Na realidade, o Diane 35 é um composto de progesterona com estrogênio, acetato de ciproterona com etinilestradiol. Todos esses componentes baseados em hormônios têm efeitos colaterais que são mais graves ou menos graves dependendo de alguns fatores coadjuvantes, como idade da paciente, tabagismo, alcoolismo, pré-disposição tromboembolismo. Qual a idade das mulheres que usaram isso? Qual o histórico pregresso dessas mulheres que morreram de tromboembolismo ou de acidente vascular cerebral na família?”, questiona.
A Proteste ressalta ainda que o principal risco à saúde é o uso de qualquer medicamento, inclusive o Diane 35, sem orientação médica, pois assim desconhecem os efeitos colaterais e as diversas contraindicações. O fato é que qualquer anticoncepcional oral combinado apresenta efeitos colaterais graves para mulheres com determinadas condições de saúde.
Fazem parte dos grupos de risco mulheres com algum tipo de problema de circulação sanguínea, principalmente trombose venosa, diabetes, icterícia ou doença do fígado, câncer de mama, útero ou ovários, tumor hepático, lúpus, hipertensão arterial grave, tabagismo, excesso de peso, enxaquecas constantes ou epilepsia, entre outros. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se você faz uso do Diane 35 com recomendação e acompanhamento médico adequado, não existe motivo para preocupação até o momento. Mas é importante ficar atento a qualquer efeito adverso e, em caso de fazer parte dos grupos de risco, a recomendação do órgão é procurar um ginecologista.