Com o fim do período eleitoral, temas que geram controvérsias foram colocados em debate oral e julgamento da população brasileira. O reflexo de alguns assuntos acabou respingando nas doutrinas religiosas e gerando uma série de questionamentos, principalmente no que diz respeito à direção católica.
Em Uberaba, tópicos como aborto ganharam destaque no Legislativo e motivou discussões na sociedade. O arcebispo metropolitano de Uberaba, dom Roque Oppermann, comentou em entrevista à Rádio JM, na manhã de ontem, capítulos polêmicos da história do mundo atual, como aborto, violência e escândalos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica.
Para dom Roque, o fervor dos eleitores diante dos debates políticos sobre a condição do aborto teve motivo aparente. Ele afirmou que os cristãos tomaram posição diante da iminência do perigo de implantação da lei que permitiria prática abortiva. “Na Câmara Federal houve um tempo em que existiam 130 projetos em favor do aborto, mas, graças a reuniões da Comissão de Justiça e Paz, muitos dos projetos sucumbiram, acatando a posição a favor da legislação, aderindo à vontade da maioria do povo brasileiro”, ponderou.
Questionado sobre a crescente violência, o arcebispo foi enfático e categorizou a importância da religião na formação de caráter e conduta. “É um problema de família, uma questão de ausência do pai, que foi embora e deixou a mãe sozinha para educar os filhos, mas realmente há a falta de prática religiosa, porque nenhuma pessoa que vai assistir missas, que confessa, comunga e que reza vai virar bandido”, ressaltou.
Sobre a cena desordenada e recentes acusações de atos de pedofilia cometidos por padres, fato que originou a manifestação de vítimas no Vaticano para reclamar e exigir justiça, dom Roque garantiu desconhecer o movimento. Ele defendeu que as pessoas não podem se deixar levar por sentimentos e resistências e reafirmou que a Igreja não teme e não oculta a exposição dos fatos. “Podem existir ainda padres pedófilos, mas acho que existe um ponto de vista unilateral e a Igreja tomou posição sobre o assunto, sobretudo porque Bento XVI exigiu que se tomasse posição e instauração de processo canônico”, finalizou.