Prédio antigo, conhecido como “Casa do Bin Laden”, na praça da “Concha Acústica”, gera preocupação diante do eminente risco de desabar
Imóvel conhecido como "Casa do Bin Laden", em frente à Concha Acústica, no Centro de Uberaba (Foto/Divulgação)
Imóvel conhecido como "Casa do Bin Laden", em frente à Concha Acústica, no Centro de Uberaba (Foto/Divulgação)
Mesmo após a constatação técnica de risco de desabamento desde 2021, o imóvel conhecido como “Casa do Bin Laden”, localizado na Rua Artur Machado, bem em frente à Concha Acústica, continua de pé em plena área central de Uberaba. A Defesa Civil já recomendou a demolição do prédio, mas, até o momento, nenhum órgão público autorizou a medida, gerando preocupação entre os vizinhos e transeuntes que passam diariamente pela via. O local apresenta sinais visíveis de deterioração e permanece sem qualquer sinal de intervenção prática.
O parecer técnico elaborado em 2021 que embasa o pedido de demolição foi elaborado de forma particular pelo engenheiro civil Ilgner Pessoa Finholdt Valim, especialista em perícias e avaliações de imóveis. O documento detalha uma série de patologias estruturais graves e conclui pelo risco iminente de colapso. A Defesa Civil de Uberaba aceitou o laudo particular e, após vistoria própria, emitiu seu próprio laudo oficial confirmando o comprometimento estrutural do imóvel. Entre os problemas apontados estão “fissuras, trincas, rachaduras, fendas e brechas”, além da presença de “cupins em toda extensão do imóvel, inclusive nas vigas de sustentação” e um “telhado em colapso”. O engenheiro também observou “ruptura da frente do imóvel com o restante” e alertou que a estrutura está cada vez mais instável. O parecer técnico também afirma que “a falência estrutural está cada dia mais abalada e perigosa”.
Apesar disso, o assunto foi debatido recentemente em reunião do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau), conforme publicado no Porta Voz em 2 de julho de 2025. Durante o encontro, alguns conselheiros se manifestaram contra a demolição, sob o argumento de que o imóvel possui arquitetura de valor histórico. No entanto, não há registro oficial de que o prédio esteja inventariado como patrimônio histórico, conforme apontaram o advogado Marcello Frossard e o também advogado e historiador Guido Bilharinho. Ambos afirmam que Uberaba não possui imóveis oficialmente inventariados, pois não há nenhum ato administrativo ou publicação no Diário Oficial que comprove a formalização.
A divergência de posicionamentos dentro do Conphau resultou na proposta de envio do caso ao Ministério Público, a fim de avaliar se o conselho pode se opor ao laudo da Defesa Civil. Durante a votação, parte dos conselheiros se manifestou favorável à demolição, como o conselheiro Sérgio Cad, que justificou seu voto afirmando que “por não ser engenheiro ou arquiteto, acompanha o parecer da Defesa Civil” conforme a publicação do Porta Voz. Para o advogado Marcello Frossard, condicionar a autorização da demolição de um imóvel condenado à manifestação do Ministério Público configura uma interferência indevida nas competências do Poder Executivo. Ele argumenta que, com o risco à integridade física de pessoas e imóveis vizinhos já reconhecido tecnicamente, a autorização para a demolição deveria ser automática e imediata.
Diante da repercussão do caso, a Prefeitura de Uberaba se manifestou por meio de nota ao Jornal Da Manhã, informando que “acompanha o caso do imóvel citado por meio das secretarias e setores competentes”. Segundo o Executivo, o imóvel passará por nova vistoria do Departamento de Posturas ao longo desta semana, sem, no entanto, apresentar um plano de ação objetivo para resolver o impasse que se arrasta há quatro anos. Enquanto isso, o imóvel permanece em estado de ruína e sem qualquer isolamento eficaz, gerando insegurança para a população e levantando questionamentos sobre a responsabilidade dos órgãos públicos.