Eles ficam passando o serviço para frente. É como se eles quisessem ficar livres e o cadáver fosse um empecilho”, acusou o legista
O médico legista Romeu Norte Pereira, chefe do IML, explicou que nada justificaria a coleta de material para exame, tanto no caso de Carlos José de Oliveira, como em tantos outros que vão parar no local. Segundo ele, o Hospital de Clínicas apresenta a maior má vontade na hora de assinar o atestado de óbito em casos de morte natural, inclusive com pessoas até acima de 90 anos, em que não justifica o envio dos corpos para o IML.
Para ele, os médicos do HC precisam ter mais consciência. “Eu acho um absurdo os médicos não terem competência para assinar os laudos. Eles ficam empurrando, passando o serviço para frente. É como se eles quisessem ficar livres e o cadáver fosse um empecilho”, acusou o legista.
O médico explicou que o legista segue o diagnóstico do hospital, por isso foi constatada a hantavirose como causa da morte de Carlos.
Ainda de acordo com Romeu Norte, o IML é uma instituição que presta serviços para a polícia e a verificação de óbito é um serviço aleatório, para ajudar a prefeitura. “O nosso interesse é inteiramente criminal, já a saúde pública é responsabilidade do Hospital das Clínicas e do Ministério da Saúde”, disse ele. O IML é responsável pela realização de necropsia em casos de mortes violentas, como assassinatos e acidentes de trânsito, por exemplos.
O legista também questionou a diferença de estrutura, pois enquanto no IML a equipe é reduzida, bastante inferior ao que seria necessário, o HC tem estrutura e equipe especializada para realizar o serviço, que na prática não funciona.