Suspensão do pagamento da contribuição do PIS e Cofins sobre a carne bovina é vista pela classe pecuarista como uma conquista para o setor. A medida constante na Lei 12.058 foi sancionada na quarta-feira, 13, pelo presidente Lula. Para o presidente do Sindicato Rural de Uberaba, Rivaldo Machado Borges, a medida é muito bem-vinda, desde que o ganho que a indústria terá seja repassado para o produtor e, automaticamente, para o varejo. Ele lembrou que, em relação ao ano passado, a carne do boi teve perda de 20% até o momento. “Hoje, a pecuária de corte está sofrendo muito com a retração e ainda não se recuperou, por conta da crise mundial. A intenção é aumentar o consumo e melhorar o preço da carne”, salientou. Segundo ele, por causa da retração, sobrou carne no mercado interno, o que acarretou o recuo no preço do boi. Apesar de aprovar a medida, Rivaldo afirma que veio um pouco tarde, porque a recuperação do setor não será imediata. “Estamos sofrendo desde o início do ano passado. O preço do boi está péssimo. Teve queda e os custos de produção não acompanharam, o que enfraqueceu a pecuária”, reclamou. Já o superintendente de Marketing da ABCZ, João Gilberto Bento, é mais otimista. Para ele, a medida é extremamente positiva. Segundo Bento, a luta pela desoneração do imposto já dura cinco anos. “A associação, juntamente com um grupo liderado pela Abrafrigo, que representa o mercado interno, já buscava por este benefício”, esclareceu. Bento garante que o imposto deixava o frigorífico com uma margem muito pequena, já que 4,5% do faturamento bruto era destinado para o Pis e Cofins. Na opinião dele, a desoneração é fundamental para o equilíbrio da indústria do mercado interno e acredita que isso vai ajudar grandes indústrias que têm interesse em entrar neste mercado, além de acabar com a informalidade. “O que sonega imposto terá que se formalizar ou pagar o preço que a indústria paga”. O representante da ABCZ observou, ainda, que o consumidor também sairá ganhando com a medida, levando em consideração a garantia da sanidade animal. Dados divulgados pela Abrafrigo revelam que pelo menos 30% dos 40 milhões de animais abatidos no país são provenientes do abate informal. Ele analisa, ainda, que, se desonera e formaliza, aumenta a geração de emprego, o que gera imposto para o governo e movimenta a economia nacional. “O governo perde de um lado, mas ganha por outro”, concluiu. De acordo com o texto da Lei, a medida entra em vigor no dia 1° de novembro.