Além de fornecer absorventes no ambiente escolar, a intenção é educar jovens sobre o período menstrual
A Escola Estadual Henrique Kruger, no bairro Alfredo Freire, iniciou no mês da Mulher um projeto de distribuição de absorventes para alunas. Além da entrega dos produtos, a equipe pedagógica educa jovens sobre o ciclo menstrual, as maneiras como o período influencia no organismo feminino e busca eliminar os tabus sobre o tema.
Segundo a criadora do projeto, a professora de filosofia Ana Luz Flores, a ideia surgiu a partir da percepção de que as alunas faltam mais em uma faixa do mês, devido ao período menstrual. “Diante disso, eu comecei a indagar na escola e percebi que as meninas tinham esse problema financeiro para adquirir o absorvente. Conversando com a direção e a equipe pedagógica, nós fizemos um projeto que consiste em uma caixinha que foi colocada no banheiro feminino com algumas frases”, afirma.
Conforme Ana Luz, a discussão não se trata apenas da condição financeira, mas também do empoderamento das jovens mulheres. “Nós fizemos uma discussão em todas as salas, desde o Fundamental até o Ensino Médio, porque percebemos que as meninas estão menstruando mais cedo. Hoje, meninas de 10 e 11 anos estão menstruando e isso não é normal. O certo é o ciclo menstrual começar com 13 anos”, explica.
Ainda de acordo com a professora, a equipe pedagógica percebeu que os assunto era tratado com vergonha, principalmente no ambiente familiar, o que opera como mais um desincentivo para desmistificar o assunto.
Flores conta que o projeto teve boa adesão por parte das alunas, que se tornaram adeptas a usar os absorventes oferecidos pela escola, sem que haja desperdício dos itens. Também foi notado um interesse pelas alunas do Ensino Fundamental para contribuir na distribuição dos objetos de higiene. “Quando começamos o projeto, houve uma preocupação das meninas do Ensino Médio em relação às menores. Elas achavam que as pequenas iriam desperdiçar. O que não aconteceu. Inclusive, as meninas do sexto ano pediram para colaborar”, finaliza.
É válido lembrar que o Ministério da Saúde anunciou no Dia Internacional da Mulher deste ano que vai assegurar a oferta de absorventes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na população que está abaixo da linha da pobreza. De acordo com o ministério, cerca de 8 milhões de pessoas serão beneficiadas pela iniciativa que prevê investimento de R$ 418 milhões por ano.
A nova política segue os critérios do Programa Bolsa Família, incluindo estudantes de baixa renda matriculados em escolas públicas, pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade social extrema. Também serão atendidas pessoas em situação de privação de liberdade e que cumprem medidas socioeducativas.