Principal reivindicação da categoria é a reestruturação da carreira do Seguro Social, uma vez que já houve o atendimento do reajuste salarial
Unidade do INSS de Uberaba já contou com 30% de adesão à greve, que dura 180 dias, e agora cerca de 10% dos servidores estão parados (Foto/Arquivo)
Há 180 dias de greve, parte dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) continua mobilizada em luta por reivindicações. Segundo Dayse Maciotti, membro da diretoria colegiada do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social, Saúde, Previdência, Trabalho e Assistência Social em Minas Gerais (Sintsprev MG), a greve deve se prolongar até que a categoria consiga a reestruturação da carreira.
No entanto, conforme Maciotti, hoje 10% da categoria permanece mobilizada em Uberaba, com cerca de 20% de queda na adesão em comparação com o começo da greve, que foi de 30%. A diretora analisa que essa é uma estratégia de enfraquecimento da categoria, por parte do governo federal. “A gente percebeu que o governo vem enrolando, usando de artifícios, até mesmo o prolongamento desta greve para ir desanimando o pessoal a retornar ao trabalho.
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A principal pauta é a reestruturação das carreiras, de forma a garantir mais segurança profissional aos servidores. Dentro da pauta de reestruturação, eles pedem que a carreira do Seguro Social passe a ser finalística, o que garante exclusividade das atribuições apenas para servidores do INSS, além da exigência de Ensino Superior para os trabalhadores.
“Por exemplo, quando desativaram a Infraero, tentaram colocar o pessoal no INSS para trabalhar. Há pouco tempo, agora, fizeram o mesmo com servidores dos Correios. Imagina o prejuízo que isso não vai causar dentro do direito previdenciário? Porque, ele [o servidor transferido] não passou no concurso para isso. Ele não está apto para exercer aquela atividade. E olha que, com toda essa especialização, a gente vê muita injustiça, análise que não está atendendo a população porque, às vezes, o servidor deixou de analisar um documento específico e isso gera desgaste. Agora, imagina se esse atendimento começasse a ser feito por qualquer pessoa, seja terceirizada ou seja um outro servidor que não tenha essas mesmas condições que tem o analista em Seguro Social?”, diz Dayse.
A pauta também requer o reajuste de salários, que foi cedido pelo governo. No entanto, o sindicato considera uma manobra do Executivo Federal para desarticular a greve, visto que a proposta foi assinada por apenas uma das três entidades representativas que atendem a categoria.
“A maior delas [entidade representativa] é a Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), que representa 80% dessa categoria. As duas outras são entidades vinculadas à CUT (Central Única dos Trabalhadores), que hoje a gente entende como um braço do governo dentro do movimento sindical. No dia 28 de agosto, o governo utilizou uma dessas duas entidades que têm mais baixa representatividade e assinou um acordo que não contempla a nossa principal pauta, que é a reestruturação da carreira, com o enquadramento da carreira do seguro social no Núcleo Estratégico do Estado Brasileiro”, explica Dayse.
Dessa forma, a categoria deve continuar em greve até que seja contemplada a reestruturação da carreira do Seguro Social. “É uma pauta que simplesmente garante o futuro da previdência, porque, se não lutarmos por isso, tudo indica que a carreira do seguro social será extinta. Eu acredito que a partir de segunda-feira [30] nós vamos ter assim, nós vamos voltar quase que para o quadro mais inicial”, finaliza Dayse.