Superintendência afirma que critérios técnicos orientam o atendimento hospitalar, mas protetoras alegam que casos graves seguem sem resposta
Apesar do balanço positivo divulgado pela Superintendência de Bem-Estar Animal de Uberaba, com mais de 10 mil procedimentos realizados no primeiro semestre de 2025, protetoras continuam denunciando falhas e demora nos atendimentos oferecidos por meio do convênio firmado com o Hospital Veterinário da Uniube (HVU). Segundo a pasta, o convênio prioriza animais errantes, pertencentes a tutores inscritos no CadÚnico, de ONGs e, por fim, de protetores independentes, desde que haja disponibilidade dentro do saldo contratual. Mesmo dentro dessas regras, ao menos três cadelas em situação grave seguem sem atendimento.
Lola passou por castração durante um mutirão da Prefeitura de Uberaba e, desde então, apresenta uma ferida que não cicatriza (Foto/Reprodução)
Um dos casos denunciado ao Jornal da Manhã é o de Lola, que passou por castração durante um mutirão da Prefeitura de Uberaba e, desde então, apresenta uma ferida que não cicatriza. Laudo veterinário aponta possível fístula relacionada à cirurgia e necessidade urgente de uma nova operação. Ainda assim, a cadela está desde maio aguardando liberação para exames e o procedimento. A responsável afirma já ter denunciado o caso à Ouvidoria do Ministério Público (MP).
Cadela segue sem assistência, ela está sem se alimentar e com o abdômen inchado. A tutora, cadastrada no CadÚnico, tentou contato com a Superintendência, mas não teve retorno (Foto/Reprodução)
Além de Lola, duas cadelas seguem sem assistência, segundo seus tutores. Uma está sem se alimentar e com o abdômen inchado. A tutora, cadastrada no CadÚnico, tentou contato com a Superintendência, mas não teve retorno. A outra foi resgatada por uma protetora e também apresenta inchaço abdominal anormal, embora ainda esteja se alimentando. Ambas aguardam resposta para possível atendimento pelo convênio.
Cadela foi resgatada por uma protetora e também apresenta inchaço abdominal anormal, embora ainda esteja se alimentando e continua sem atendimento (Foto/Reprodução)
Em nota, a Superintendência de Bem-Estar Animal informou que “o convênio com o HVU é uma iniciativa pioneira em Minas Gerais, operando sob critérios técnicos e contratuais. Por isso, os atendimentos são autorizados apenas após avaliação de um médico-veterinário, considerando a complexidade do caso, a disponibilidade de leitos e os limites contratuais”. Os mais de 10 mil procedimentos realizados até junho deste ano incluem castrações, atendimentos clínicos, exames, vacinas e internações.
Apesar disso, protetores relatam indignação com a falta de critério e transparência na triagem dos casos. Uma cuidadora criticou o que chamou de “seleção arbitrária”. “Autorizaram urgência para um gato com suposta fratura exposta, mas nas fotos dava pra ver que era só um capim preso na pata. E enquanto isso, os animais realmente doentes não conseguem vaga. Quem avalia esses pedidos? Para onde está indo o dinheiro público?”, questiona.
Sobre o caso da cadela Lola, a Superintendência informou que todos os procedimentos pré-operatórios e cirúrgicos já foram autorizados e que não é possível afirmar que o problema seja decorrente da castração, considerando o tempo que levou para a tutora buscar ajuda.
A reportagem também solicitou posicionamento sobre os outros dois casos, questionando se os animais foram avaliados por um médico-veterinário e se poderão receber atendimento via convênio. Até o momento, a pasta não esclareceu a situação das demais cadelas. O espaço segue aberto para manifestações.
O JM tem recebido diversas denúncias sobre a dificuldade de acesso ao atendimento por meio do convênio da causa animal. Em razão disso, o secretário de Meio Ambiente, Edno da Silveira, e a superintendente Regiane Dutra foram convocados para prestar esclarecimentos na Câmara Municipal no dia 5 de agosto. A convocação foi aprovada por meio de requerimento da vereadora Denise Max (PRD), diante do aumento de reclamações e da cobrança por mais transparência e estrutura no setor.
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