Nos primeiros 23 dias do ano, o Estado já tem uma morte por dengue e outra por chikungunya confirmadas e 14 em investigação, além de 11,5 mil casos de dengue confirmados, além de outros 33 mil prováveis
Secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, diz que o decreto de calamidade poderá dar mais liberdade aos gestores municipais nas tomadas de decisões de combate à dengue (Foto/Fábio Marchetto/Agência Minas)
O governo de Minas Gerais deve decretar emergência em saúde em decorrência das arboviroses, especialmente a dengue, ainda nesta semana. A informação foi passada à imprensa pelo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, durante coletiva. Apenas nos primeiros 23 dias de 2024 já foram registradas uma morte por dengue e uma por chikungunya, em Monte Belo e Sete Lagoas, respectivamente. Em Uberaba, uma está em investigação, segundo boletim epidemiológico do Estado.
Segundo Baccheretti, o objetivo com o decreto é facilitar aos municípios mineiros as contratações temporárias de profissionais da Saúde e a compra de insumos para combate à dengue, de forma mais rápida. “Nós percebemos que o pico [das arboviroses] será precoce e a nossa equipe já começou a capacitar, em todas as regiões do Estado, gestores municipais de Saúde, médicos e enfermeiros para podermos evitar mais óbitos por dengue, porque boa parte dos casos é mais leve e evitável, e por isso o reforço hospitalar. Vamos publicar, até o fim da semana, um decreto que permita ao gestor uma agilidade na tomada de decisão”, complementou.
O boletim epidemiológico da dengue aponta quase 11.500 casos de dengue confirmados, além de mais de 33 mil casos suspeitos e outros 14 óbitos em investigação. O documento consta que Uberaba possui 240 casos prováveis de dengue este ano, mas ainda não foi confirmado nenhum óbito. No dia 16 de janeiro, a cidade contava com uma morte suspeita pela doença. Em 2023, foram confirmadas 16 mortes em decorrência da doença.
Ao programa Pingo do J, da Rádio JM, a infectologista e membro da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Danielle Maciel, afirma que, sem a ajuda da população, a cidade de Uberaba deve passar por uma epidemia de dengue até março. “Se nós não tomarmos medidas imediatas e, acima de tudo, com a colaboração da população, porque nós sabemos que mais de 90% dos focos estão no intradomicílio, sem dúvida nenhuma, nós teremos uma epidemia”, afirma.
Segundo Maciel, a pasta foi convocada para uma reunião em Belo Horizonte, neste ano, que contou com a participação da Secretaria do Estado de Saúde, o Ministério da Saúde e todas as regionais do Estado, onde foi apontado um alerta importante. A infectologista aponta que uma nova reunião deve ocorrer no início de fevereiro.
“Além do avanço da chikungunya, que a gente está falando de uma população 100% vulnerável no Brasil, porque é uma doença que entrou há poucos anos e agora começou a avançar rapidamente, como também a circulação do vírus três da dengue. Porque o vírus três circulou no Brasil entre 2004 e 2008 e depois praticamente desapareceu. Essa epidemia do ano passado foi prevalentemente de dengue 1 e dengue 2. Então, a preocupação grande da parte da Saúde é que, se o vírus 3 dissemina, nós temos uma população muito grande e vulnerável”, explica.
A situação fica ainda mais grave com a divulgação do primeiro LIRAa do ano, que apontou índice de 6,7% dos domicílios pesquisados com focos do mosquito Aedes aegypti. O Ministério da Saúde indica que acima de 3% o índice de infestação do mosquito oferece alto risco de surto das doenças transmitidas por ele.