Um motorista do transporte escolar rural foi afastado após denúncia de assédio moral contra um aluno de 14 anos da rede municipal de ensino. Segundo a mãe do adolescente, o homem teria o chamado de “viadinho” e falado que ele devia morrer. As ofensas começaram após um aparato do veículo ser quebrado. Conforme a Secretaria Municipal de Educação (Semed), a empresa foi notificada.
Ao Jornal da Manhã, a mãe conta que procurou um advogado para acompanhar o caso. A vítima foi orientada a gravar as interações com o condutor. Os áudios apontam que o homem chama o menino de “desgraça”, “viadinho”, “vagabundo” e que ele “devia tomar o mesmo destino do pai”. “O pai dele cometeu suicídio há quatro anos. Ele é diagnosticado com TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade)”, relata.
A mãe conta que mudou o menino de escola para evitar expô-lo devido à situação envolvendo a morte do pai. No entanto, o filho acabou exposto de outra maneira. Ela também aponta que outras crianças, inclusive com transtornos parecidos aos do jovem, já foram alvo do motorista.
“Eu comuniquei a Ubervan, comuniquei a Secretaria de Educação, me reuni com o jurídico [da Prefeitura]. Há pais me procurando porque isso não vem acontecendo de agora. Reclamamos na escola e ela não toma decisão nenhuma. Eu estive na escola, pedi para abrir ata e eles não queriam. Inclusive, viram que eu estava bem orientada e me perguntaram quem estava me orientando”, aponta.
A mulher também aponta que algumas mães relataram relutância dos filhos em ir para a escola, devido aos maus tratos feitos pelo homem.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Uberaba em busca de um posicionamento sobre a situação. Em nota, a Secretaria de Educação informa que o aluno e sua família foram acolhidos pela Seção de Assistência ao Educando. Além disso, a pasta notificou a empresa terceirizada.
“Com isso, também de forma imediata, o motorista em questão foi afastado da rota de transporte da unidade escolar, cessando qualquer contato direto com o aluno envolvido e com a escola. Outras medidas administrativas referentes ao caso são de responsabilidade da empresa”, finaliza a nota.
A empresa Ubervan também foi acionada pela reportagem. Ao JM, o diretor da empresa Paulo Lima afirma que assim que contactada sobre o caso, a prestadora de serviços imediatamente interrompeu a prestação de serviço do motorista. “Ele ainda faz parte do quadro de cooperados, porém, ele não presta serviço mais com a gente, não prática mais atividade como motorista”, informa.
Ainda, o diretor pontua que o caso será encaminhado para o setor jurídico da instituição, que trará a situação diretamente com o condutor. "Então, ele não presta e não prestará mais serviço com a gente. Agora esse caso vai ser investigado, vai ter um processo da Prefeitura, os representantes dessa criança e a cooperativa. Aí desde já ele está impedido de fazer o serviço, e dependendo do desenrolar o que for ter, aí ele vai acabar com essas consequências. Porque a cooperativa não admite esse tipo de conduta do cooperado. É inadmissível, ainda mais para uma criança com TDAH”, pontua Paulo.
Lima ainda reforça que os motoristas que prestam serviço para a empresa passam por exames duas vezes ao ano, sendo um psicológico e outro de direção. “Eles fazem um exame psicológico, um exame clínico, que abrange o exame de sanidade mental, que é assinado por um médico também. Eles passam por um, por um curso de direção defensiva, com certificado através do nosso Técnico de Segurança, anualmente”, finaliza.