
Autor do livro, François Ramos (Foto/Marise Romano)
A imagem do atleta como herói incansável ainda domina estádios e transmissões esportivas. Por trás desse ideal, porém, avança uma crise silenciosa: o burnout esportivo, caracterizado por esgotamento físico, emocional e perda de identidade profissional. Para enfrentar essa realidade, dez especialistas de Uberaba se reuniram para desenvolver a obra Burnout Esportivo: Neurose Profissional e Seus Reflexos Contratuais e Previdenciários, com lançamento nacional previsto para julho de 2026.
O livro propõe uma abordagem inédita e multidisciplinar, reunindo contribuições da Psicologia, do Direito Desportivo e Trabalhista, da Saúde Ocupacional e da Educação Física. A coletânea é coordenada por François Ramos e conta com Leilane Vieto, Patricia Teodora da Silva, Clebia Reis, Rejane Canedo, Wander Araújo, Euseli dos Santos, Diego Taffarel Silva Ribeiro, Marcos Aparecido Pereira e Daniela Vanessa Jordão Silva Mateus.
Segundo François Ramos (foto), que é Ph.D. em Educação e atualmente doutorando em Psicanálise, o burnout no esporte vai além do cansaço extremo. Trata-se de um colapso identitário que afeta profundamente a saúde mental do atleta e sua relação com o próprio projeto de vida. A proposta da obra é transformar o conhecimento científico em ferramenta acessível para atletas, clubes, profissionais do Direito e da saúde, reforçando que o esgotamento não é falha individual, mas resultado de um sistema adoecedor.
Estruturado em três partes, o livro diferencia burnout de estresse e depressão, analisa a cultura do “suportar sempre” e denuncia o silêncio imposto à vulnerabilidade. Para o educador físico Wander Araújo e o advogado Diego Taffarel, reconhecer o atleta como trabalhador é essencial para garantir direitos, proteção previdenciária e políticas efetivas de cuidado.
No campo jurídico, a obra examina contratos, exigências de performance e a responsabilização institucional. As advogadas Patricia Teodora da Silva e Clebia Barbosa dos Reis destacam que a naturalização do sofrimento e a pressão institucional agravam o adoecimento e dificultam a busca por ajuda. A coletânea se insere em um momento decisivo, defendendo mudanças estruturais e a centralidade da saúde mental no esporte contemporâneo.