Segundo médico do trabalho, a nova regra tende a elevar a produtividade dos funcionários, o que pode ser convertido positivamente nas empresas
O aumento da produtividade, a redução de erros e a diminuição de afastamentos são alguns dos resultados positivos (Foto: Divulgação)
Investir na saúde mental dos colaboradores não é apenas uma exigência legal, mas também uma estratégia inteligente que traz benefícios concretos para as empresas. O aumento da produtividade, a redução de erros e a diminuição de afastamentos são alguns dos resultados positivos. A avaliação é do médico do trabalho Carlos Henrique de Pádua, que destaca na nova regulamentação sobre riscos psicossociais uma oportunidade para fortalecer a cultura organizacional e melhorar o desempenho das equipes.
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Em entrevista ao programa Pingo do J, da Rádio JM, Pádua explica que a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) pode ser vista como uma ferramenta estratégica de gestão. Ao incorporar a saúde mental nas rotinas empresariais, a norma vai além de uma simples obrigação, sendo uma medida para preservar o bom funcionamento das equipes. “Colaboradores saudáveis entregam melhores resultados. Ignorar os problemas de saúde mental significa comprometer a produtividade e aumentar os riscos no ambiente de trabalho”, afirma Pádua.
Em 2024, o Brasil registrou um recorde de 472.328 afastamentos por problemas de saúde mental, um aumento de 400% desde o início da pandemia, em 2020. Esses dados, apresentados pelo Ministério da Previdência Social, também refletem um crescimento de 68% em relação a 2023. Transtornos como ansiedade e depressão são as principais causas desses afastamentos, que já geram custos superiores a R$ 3 bilhões anuais.
Especialista em Medicina do Trabalho, Carlos Henrique Pádua ressalta que os transtornos mentais impactam principalmente pelo presenteísmo, quando os colaboradores estão fisicamente presentes, mas não entregam o desempenho esperado. O médico explica que isso pode ser mais prejudicial do que o afastamento, pois, além de não contribuir para os resultados, o colaborador com baixa produtividade pode afetar o ambiente de trabalho e o desempenho da equipe. “O custo do presenteísmo pode ser até duas vezes maior do que o do absenteísmo, já que a pessoa está fisicamente presente, mas sua produtividade está comprometida”, destaca.
A inclusão dos riscos psicossociais na NR-1 exige que as empresas identifiquem e mitiguem fatores como estresse e assédio, com foco na melhoria da saúde mental e na produtividade dos colaboradores. Com um período de adaptação de 12 meses para a implementação das mudanças, a norma busca criar ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. “O problema é não gerir o risco que a atividade econômica está produzindo. Para isso, a saúde ocupacional se adapta para esse novo contexto para monitorar, acompanhar e identificar o problema, para que se possa direcionar as causas às empresas, em busca de uma resolutividade”, finaliza Pádua.