Temporada de incêndios em Uberaba (Foto/Divulgação)
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) renovou nesta quarta-feira (20) o alerta de "perigo" para baixa umidade do ar em Uberaba, com índices variando entre 20% e 12%. A condição crítica representa riscos tanto à saúde quanto ao meio ambiente, incluindo possibilidade elevada de incêndios florestais. Na terça-feira (19), o INMET também havia emitido um alerta de ventania para o Triângulo Mineiro. Embora Uberaba não estivesse na área central do aviso, são previstas rajadas de vento de até 57 km/h na região, fator que favorece significativamente o alastramento das chamas.
O ex-comandante do Corpo de Bombeiros em Uberaba, Coronel Anderson Passos, alerta que esta é uma das épocas mais críticas do ano, quando se forma um cenário extremamente favorável para grandes incêndios, exigindo atenção redobrada da população e mudanças urgentes de comportamento.
Segundo o especialista, os ventos são um dos fatores mais determinantes no agravamento dos incêndios nesta época do ano. “O vento espalha as chamas com velocidade e leva fagulhas a grandes distâncias, criando novos focos de fogo. Quando o fogo atinge monoculturas, como os canaviais, a queima pode atingir milhares de hectares em poucas horas”, explicou. Ele destaca que ventos fortes, combinados com baixa umidade e calor, formam o chamado “triplo 30”, condição ideal para a propagação de incêndios florestais: temperatura acima de 30 °C, umidade abaixo de 30% e ventos superiores a 30 km/h.
Previsão do tempo para Uberaba nesta terça-feira (20) (Foto/Reprodução)
Além disso, o cenário pode piorar ainda mais nas próximas semanas. “Setembro concentra, historicamente, cerca de 50% de toda a área queimada ao longo do ano”, afirmou Passos. Com a intensificação da seca e a continuidade dos ventos, o mês representa o pico da temporada de incêndios na região. “Estamos apenas no fim de agosto. O que está ruim, pode piorar muito se a população não mudar seus hábitos agora”, alertou.
O ex-comandante reforçou que mais de 99% dos incêndios em vegetação têm origem humana, seja por descuido ou ação intencional. Práticas comuns como queimar folhas no quintal, manutenção negligente de maquinário agrícola ou até o uso de velas próximo à vegetação podem ser o ponto de partida para grandes tragédias ambientais. “Não existe incêndio espontâneo. Tudo que vamos ver queimando agora é causado por alguém”, afirmou.
Por fim, o coronel destacou a importância do plano de prevenção exigido por lei (Lei 9.447/2024) para propriedades rurais. Sem esse planejamento, o responsável pode ser penalizado além do prejuízo material. Ele também lembrou que não há autorização para queimadas nesta época do ano, salvo em casos muito específicos com licença ambiental rigorosa. A população deve denunciar focos de incêndio ou pessoas ateando fogo pelo telefone 193 (Bombeiros) ou 181 (Disque Denúncia). “Se cada um fizer sua parte, podemos evitar que essa situação crítica se transforme em tragédia”, concluiu.