SINDICATO RURAL

Uberaba estuda "cacau do cerrado" como alternativa rentável para pequenos e médios produtores

Joanna Prata
Publicado em 28/07/2025 às 15:38
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Comitiva formada por representantes do Sindicato Rural de Uberaba (SRU), da Câmara Municipal e da Fazu esteve no município de Barreiras (BA) em julho para conhecer de perto a experiência bem-sucedida da cultura do cacau adaptada ao bioma do cerrado. A visita ocorreu durante a Cacauicultura 4.0, considerada hoje o principal evento sobre o tema no Brasil e um dos mais relevantes do mundo. A nova tecnologia permite o cultivo do cacau a pleno sol, com alta produtividade, desmistificando a necessidade de sombra natural para a planta. 

Em entrevista ao Jornal da Manhã, o presidente do SRU, Vinícius José Rios, destacou que o contato com o projeto baiano começou em junho, a partir de uma reunião organizada pelo vereador Luiz da Farmácia (PL). “Foi uma surpresa muito positiva. Descobrimos que o cacau, tradicionalmente cultivado na Mata Atlântica, hoje pode ser plantado com sucesso no cerrado irrigado, graças à tecnologia desenvolvida por produtores da Bahia em parceria com empresas como a Cargill”, explicou. 

Segundo Rios, esse novo modelo de cultivo, já batizado de “cacau do cerrado”, pode representar uma revolução econômica para pequenos e médios produtores de Uberaba. “A cultura é altamente rentável. Um hectare pode gerar de R$ 7 mil a R$ 8 mil por mês para quem trabalha com mão de obra familiar. Além disso, é mais resistente a doenças como a vassoura-de-bruxa e se adapta bem ao nosso clima, desde que não haja risco de geadas”, ressaltou. 

A proposta é iniciar a introdução da lavoura cacaueira em Uberaba de forma estruturada, com apoio técnico e científico. A Fazu, que integrou a comitiva, vai montar uma vitrine tecnológica para testar cultivares, sistemas de irrigação e práticas de manejo adaptadas à região. O projeto conta ainda com suporte do Senar, do INAES (Instituto Antonio Ernesto de Salvo, uma instituição sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento, pesquisa e inovação de sistemas produtivos) e de consultores especializados, já capacitados para orientar agricultores locais. 

Outro ponto relevante é o cenário promissor do mercado global. Atualmente, o Brasil é importador de cacau e há um déficit crescente de amêndoas em todo o mundo, agravado pela crise na produção africana. “Há uma grande janela de oportunidade para investir na cacauicultura. E Uberaba pode ser um polo de produção e até de processamento, já que temos infraestrutura e indústrias no entorno”, pontuou Vinícius. 

Embora o investimento inicial estimado seja alto — cerca de R$ 150 mil por hectare —, há linhas de crédito específicas em estudo e o retorno financeiro é considerado expressivo. “O pequeno produtor que hoje tem dificuldade de sobreviver com soja, milho ou pecuária pode encontrar no cacau uma alternativa viável para permanecer no campo com dignidade. A gente precisa pensar em culturas que tragam renda real para essas famílias”, finalizou o presidente do SRU.

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