CENÁRIO COMPLICADO

UFTM aponta piora na qualidade do ar em Uberaba devido queimadas e tempo seco

Joanna Prata
Publicado em 21/07/2025 às 19:55
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(Foto/Divulgação)

A qualidade do ar em Uberaba deixou de ser classificada como “boa” e passou a “moderada” nas últimas duas semanas, conforme registros da estação automática da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). O motivo está na combinação entre a baixa umidade relativa do ar — que tem ficado entre 20% e 30% neste inverno — e o aumento da concentração de poluentes, como material particulado (MP10 e MP2,5) e dióxido de enxofre (SO₂).

“Desde a instalação da estação em maio, a qualidade do ar sempre esteve na melhor faixa, indicada em verde com a palavra ‘BOA’. Mas, nas últimas semanas, houve uma piora, com classificação ‘MODERADA’, cor amarela, o que indica risco para grupos sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias”, explicou o professor doutor Vinícius Rocha, diretor da Divisão de Sustentabilidade da UFTM.

A estação meteorológica, localizada na Unidade Univerdecidade, é uma das mais modernas do país e realiza medições a cada 10 minutos. Além dos poluentes atmosféricos, também capta dados meteorológicos, como temperatura, umidade, velocidade e direção do vento. Os dados são disponibilizados no site do MultiLab da UFTM, embora ainda não integrem redes oficiais de monitoramento ambiental.

Com a queda da umidade relativa — que idealmente deveria ficar entre 40% e 70%, segundo a OMS —, o ar perde a capacidade de reter poluentes. “A umidade funciona como uma rede de gotículas que dificulta a dispersão do material particulado. Em períodos secos, como agora, esse material viaja mais e se acumula, elevando a concentração de poluentes”, explicou o professor.

Entre os principais poluentes detectados no período recente estão MP10, MP2,5 e SO₂. A localização afastada da estação ajuda a identificar fontes como queimadas e poeira vinda do campo, agravadas pelo tempo seco. “Temos observado um aumento nas queimadas nas últimas duas semanas, o que contribui para esse quadro”, pontuou Rocha.

Embora o índice moderado não represente risco para a população em geral, pessoas sensíveis já sentem os efeitos. “Eu, por exemplo, tenho rinite alérgica e percebi um aumento no desconforto. Precisei usar soro fisiológico com mais frequência e, em alguns casos, recorrer a medicamentos prescritos”, relatou o professor.

A UFTM já planeja usar os dados do monitoramento em pesquisas futuras. “Ainda não temos estudos específicos com a estação, pois ela é recente, mas nossos programas de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental e em Inovação Tecnológica já realizam pesquisas relevantes na área”, destacou. A expectativa é que, com dados contínuos por pelo menos um ano, seja possível ampliar os estudos sobre a poluição atmosférica na cidade.

O equipamento foi adquirido com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, por meio do MultiLab, sob gestão do professor Júlio César Gonçalves. “É um avanço importante para a universidade e para a comunidade, pois, além de gerar ciência, permite prestação de serviço público ao monitorar a qualidade do ar em Uberaba e região”, concluiu Rocha.

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