O episódio levantado pela “Gazeta” levanta dúvidas se o Corinthians poderá, de fato, contar com os recursos prometidos (Foto/Arquivo)
A eleição presidencial no Corinthians ganhou mais um capítulo polêmico nesta semana. Na última quinta-feira (22), o candidato André Castro apresentou em coletiva de imprensa uma carta de intenções assinada pelo GSP Banco de Fomento Mercantil Ltda., que promete um aporte de até US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões) no clube.
As informações foram publicadas no Jorna Gazeta Esportiva pelos jornalistas Tiago Salazar e André da Silva Costa.
O documento, assinado pelo CEO da instituição, Carlos Cesar Arruda, fala em “parceria estratégica” com o Timão e foi exibido como prova de credibilidade da proposta de investimento. A revelação movimentou o noticiário e gerou expectativas na torcida alvinegra, diante do cenário de dificuldades financeiras que o clube enfrenta.
No entanto, a apuração da Gazeta Esportiva revelou que o executivo responsável pela assinatura da carta carrega um histórico conturbado. Em 15 de maio de 2024, Arruda foi despejado de um condomínio de alto padrão em Alphaville, na Grande São Paulo, por falta de pagamento de aluguéis e cotas condominiais.
A decisão foi proferida pela juíza Renata Bittencourt Couto da Costa, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que determinou a desocupação do imóvel em até 15 dias, contados a partir da intimação. De acordo com a sentença, havia atrasos em pagamentos referentes ao período de dezembro de 2024 a maio de 2025, com exceção apenas do mês de janeiro.
O caso reacende dúvidas sobre a solidez financeira da GSP, que já aparece em outras frentes judiciais. De acordo com o sistema Projudi do Tribunal de Justiça de Goiás, há quatro ações registradas contra a empresa, sendo uma em segredo de justiça. O próprio CEO responde a 22 processos individuais em diferentes esferas jurídicas.
Além disso, em 14 de dezembro de 2022, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) condenou a empresa e Carlos Arruda ao pagamento de multas por falhas de comunicação. A GSP recebeu penalidade de R$ 10 mil e o CEO de R$ 5 mil por não relatar operações que deveriam ter sido informadas ao órgão.
Apesar do cenário de questionamentos, a empresa, aberta em 2010 e sediada em Goiânia, declara possuir um capital social de R$ 6,57 bilhões. O valor, no entanto, não foi detalhado quanto à origem ou liquidez.
Arruda, engenheiro civil formado pela Fesp em São Paulo, possui MBA em Gestão de Projetos pela FGV e especializações em gestão financeira. Em sua trajetória profissional, afirma atuar desde 2001 na consultoria e captação de recursos para projetos de mineração e construção civil. O executivo também ostenta prêmios e distinções internacionais, como a Medalha Fedepec-Unesco, concedida na Argentina.
Ainda segundo o Jornal Gazeta Esportiva, a polêmica estoura em um momento decisivo para o Corinthians. Na próxima segunda-feira (25), o Conselho Deliberativo vai escolher o novo presidente para um mandato tampão até 2026, após a destituição de Augusto Melo. Além de André Castro, concorrem também Antônio Roque Citadini e Osmar Stabile, atual presidente interino.
O episódio do despejo de Arruda coloca sob escrutínio a proposta de aporte bilionário, levantando dúvidas se o Corinthians poderá, de fato, contar com os recursos prometidos.