
Inquérito civil do MP-SP apura suspeitas administrativas e pode levar à nomeação de um interventor no Corinthians. (Foto/Reprodução)
O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil para investigar possíveis irregularidades administrativas no Corinthians, medida que reacende o debate sobre uma eventual intervenção judicial no clube. A decisão partiu da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, após pedido do promotor Cassio Roberto Conserino, que já conduz apurações envolvendo o uso de cartões corporativos e outras suspeitas financeiras ligadas a ex-dirigentes.
O novo inquérito autoriza o MP a requisitar documentos, ouvir envolvidos e realizar perícias, etapa que pode resultar em uma ação civil pública caso os indícios sejam confirmados. Conserino apresentou uma série de argumentos para justificar a necessidade de intervenção — entre eles, auditorias apontando irregularidades, denúncias criminais envolvendo ex-presidentes, suspeitas de vínculos com organizações criminosas e falhas graves em mecanismos de controle interno.
Entre os pontos levantados estão a suposta emissão de notas frias, desvios de materiais esportivos, contratos considerados lesivos ao clube, uso irregular de cartões corporativos e a persistente desorganização administrativa e financeira, agravada por um endividamento classificado como “impagável” por especialistas consultados. Há também relatos de documentos suprimidos dentro do clube, além de investigações sobre acordos assinados sem respaldo estatutário.
O promotor Luiz Ambra Neto, responsável pelo novo inquérito, destacou que o conjunto de suspeitas — que vai de ilícitos civis a possíveis crimes — coloca em risco não apenas a saúde financeira do Corinthians, mas também sua relevância institucional. Para preservar a integridade da investigação, os autos tramitarão sob sigilo.
O que pode ocorrer a partir de agora
Caso a Justiça aceite o pedido e entenda que há elementos suficientes para intervir, um interventor judicial poderá assumir temporariamente a administração do Corinthians. Este profissional teria poderes para suspender contratos, promover auditorias internas, reorganizar setores estratégicos, rever decisões da gestão atual e, se necessário, convocar novas eleições.
O interventor trabalharia sob supervisão do Poder Judiciário, apresentando relatórios periódicos até que a Justiça considere que o clube pode retomar sua gestão normal. O processo, caso avançado, pode alterar profundamente a estrutura administrativa do Corinthians nos próximos meses.
Enquanto isso, as investigações seguem e o clube permanece no centro de um cenário que combina pressão institucional, crise política interna e cobranças crescentes por transparência.