
Muricy celebra impacto de Ancelotti e vê volta da paixão pela Seleção: “Estava chato torcer para o Brasil” (Foto/Cosme Rímoli)
Muricy Ramalho, coordenador técnico do São Paulo e uma das vozes mais respeitadas do futebol nacional, vê em Carlo Ancelotti o ponto de virada que a Seleção Brasileira precisava. Para ele, a chegada do treinador italiano devolveu tranquilidade ao ambiente da equipe e recolocou o torcedor no caminho da Seleção, algo que, segundo suas próprias palavras, “estava muito chato”.
Ancelotti assumiu o comando do Brasil há quase sete meses e, desde então, vem conduzindo um processo de reorganização dentro e fora de campo. Muricy avalia que o trabalho do italiano representa o único acerto relevante da gestão anterior da CBF, liderada por Ednaldo Rodrigues. O ex-treinador destaca que buscou referências com jogadores que já haviam sido dirigidos por Ancelotti e ouviu sempre o mesmo diagnóstico: um técnico experiente, humano e capaz de estabilizar ambientes tensos — exatamente o que a Seleção demandava.
Para Muricy, o impacto de Ancelotti não se restringe ao campo tático. O italiano tem se empenhado em falar português, conduz coletivas com naturalidade e faz questão de manter contato com jornalistas e atletas, algo que ele considera essencial para aproximar novamente o público do time nacional. “Você olha o currículo dele, vê tudo que ele ganhou, e ainda encontra um cara acessível, que se esforça para entender o país. Isso muda tudo. O torcedor começa a se interessar, volta a acompanhar, volta a torcer”, afirmou.
O coordenador também acredita que Ancelotti já começou a montar a espinha dorsal da Seleção. Mesmo ainda conhecendo o elenco e as particularidades do futebol brasileiro, Muricy observa que o técnico demonstra total domínio do vestiário, reorganiza setores e ajusta comportamentos. “Quem é técnico sabe quando alguém já controla o ambiente. Ele já juntou as peças. A defesa, por exemplo, está mais encaixada.”
Sobre a discussão envolvendo treinadores estrangeiros, Muricy é categórico: nacionalidade não determina competência. Para ele, o trabalho apresentado em campo deve ser o único critério. O ex-treinador inclusive admite que, entre os técnicos estrangeiros, seu nome ideal seria Pep Guardiola — a quem enfrentou na final do Mundial de Clubes de 2011, quando o Barcelona goleou o Santos por 4 a 0. “Aquilo ali só aumentou minha admiração. Para mim, ele é o melhor do mundo.”
Ancelotti foi contratado pela CBF com uma missão clara: conduzir o Brasil ao tão aguardado hexacampeonato da Copa do Mundo, algo que não acontece desde 2002. Até aqui, soma oito jogos, com quatro vitórias, dois empates, duas derrotas e aproveitamento de 58,3%, além de 14 gols marcados e apenas cinco sofridos — números que reforçam o início sólido do trabalho.
Com os grupos da Copa de 2026 definidos, o Brasil liderará o Grupo C ao lado de Marrocos, Haiti e Escócia. A Seleção estreia em 13 de junho, com os outros compromissos marcados para os dias 19 e 24. A tabela detalhada e a ordem das partidas serão divulgadas pela Fifa.
Para Muricy, o desafio é grande, mas o caminho está bem traçado. Com currículo, serenidade e capacidade de liderança, Ancelotti devolveu ao torcedor a sensação de confiança — e, principalmente, o prazer de torcer.