A Justiça busca identificar se a AFA operava utilizando laranjas e se oferecia empréstimos a clubes em troca de vantagens (Foto/Arquivo)
A Justiça da Argentina desencadeou, nesta terça-feira (9), uma ampla operação de busca e apreensão que atingiu a sede da Associação Argentina de Futebol (AFA) e diversos clubes do país. A ação faz parte de uma investigação sobre suposta lavagem de dinheiro envolvendo a empresa financeira Sur Finanzas, patrocinadora frequente de equipes e da própria seleção nacional.
As ordens judiciais foram cumpridas em mais de 30 locais simultaneamente na região de Buenos Aires, entre eles os centros administrativos de Racing, San Lorenzo, Independiente e Banfield, além do complexo da AFA em Ezeiza, onde a seleção costuma treinar. De acordo com fontes policiais, entre 25 e 30 endereços já haviam sido revistados até o início da tarde.
O objetivo das autoridades é apreender documentos contábeis e contratos que possam esclarecer o papel da Sur Finanzas em operações consideradas suspeitas. A empresa é investigada desde novembro, quando a Direção-Geral Tributária apresentou denúncia por uma suposta evasão fiscal superior a 800 bilhões de pesos, valor próximo a R$ 3 bilhões na cotação da época.
A Sur Finanzas, ligada ao empresário Ariel Vallejo, mantém relações próximas com o presidente da AFA, Claudio Tapia, e ganhou forte presença no futebol argentino nos últimos anos. Em 2024, tornou-se patrocinadora oficial tanto da seleção quanto da Liga Profissional, além de firmar acordos com clubes de diferentes divisões.
Segundo meios de comunicação locais, a Justiça busca identificar se a empresa operava utilizando laranjas e se oferecia empréstimos a clubes em troca de vantagens sobre direitos de transmissão e outras receitas esportivas.
Entre os investigados está o Excursionistas, que divulgou comunicado negando qualquer vínculo societário ou administrativo com a Sur Finanzas. O clube afirma que sua única relação com a empresa foi um acordo de patrocínio, nos moldes tradicionais de contratos destinados a sustentar atividades esportivas e sociais.
A operação, considerada uma das maiores do futebol argentino nos últimos anos, abre mais um capítulo turbulento para o esporte no país, que busca esclarecer o alcance e a profundidade das práticas financeiras sob suspeita.