
Norris transformou sua simpatia pelo Palmeiras em uma relação de amizade com o técnico Abel Ferreira (Foto/Nosso Palestra)
Lando Norris encerrou 2025 como protagonista absoluto da Fórmula 1. Em um campeonato cercado por tensões de bastidor, disputas internas na McLaren e a perseguição constante de um tetracampeão, o britânico rompeu todas as barreiras que o separavam do topo e escreveu o capítulo mais importante de sua carreira.
Formado dentro da própria McLaren, Norris amadureceu como piloto ao longo de um processo que começou ainda na adolescência e ganhou solidez com a orientação de Gil de Ferran. O brasileiro, referência no automobilismo mundial, marcou profundamente a trajetória do inglês e se tornou peça emocional na conquista. A vitória em Interlagos, no fim da temporada, foi a que mais carregou simbolismo — um gesto de gratidão a quem o guiou nos anos formativos.
Sua ligação com o Brasil, porém, não se resume à pista. Norris transformou sua simpatia pelo Palmeiras em uma relação de amizade com o técnico Abel Ferreira, que o recebeu em visitas ao Allianz Parque. As aparições do piloto no estádio acabaram virando uma espécie de amuleto para a torcida, já que as duas partidas que acompanhou terminaram com vitórias alviverdes.
Dentro da McLaren, a caminhada ao título exigiu mais do que velocidade. Esta foi a temporada em que a equipe colocou lado a lado dois talentos ambiciosos — Norris e Oscar Piastri — com carros capazes de lutar por tudo. As disputas internas cresceram na mesma proporção que o desempenho da escuderia, e várias decisões de estratégia se tornaram combustível para discussões que atravessaram o paddock.
Desde o episódio na Hungria, quando a devolução de posição gerou desconforto, até a inversão de ordem em Monza, o ambiente se tornou mais público e menos controlável. A pressão se intensificou depois que Piastri, então líder do campeonato, revelou que a equipe cogitou pedir que ele ajudasse Norris na reta final — hipótese prontamente descartada pelo australiano.
Norris, por sua vez, vive um paradoxo raro: é rápido o suficiente para disputar títulos, mas ainda luta contra momentos de irritação, ironia e respostas impensadas que alimentam críticas. A vaia recebida no México e a dificuldade em lidar com questionamentos mostram que seu desafio não está apenas no volante.
Mesmo assim, o piloto encontrou seu melhor ritmo quando mais precisava. As vitórias no México e no Brasil recolocaram sua campanha nos trilhos e ampliaram a vantagem necessária para assegurar o tão esperado título mundial. Em sua sétima temporada, ele finalmente transformou potencial em conquista e encerrou a longa hegemonia que a Red Bull mantinha na Fórmula 1.
Em meio a elogios, polêmicas e amadurecimento visível, Norris fecha o ano como símbolo de uma nova geração — mais emocional, mais exposta, mas igualmente capaz de mudar a história do automobilismo mundial.