Sonho adiado: estádio rubro-negro será inaugurado só em 2036 com investimento de R$ 2,2 bi

O sonho do Flamengo em ter um estádio próprio ganhou um novo capítulo, mas com mudanças importantes no projeto original. Em reunião com o Conselho Deliberativo, o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, detalhou os ajustes feitos após meses de estudos técnicos e financeiros.

O ponto mais chamativo é o prazo: a previsão mínima para a inauguração passou a ser julho de 2036. Antes, a antiga gestão trabalhava com 2029 como meta.

Outro ajuste está na capacidade. O número de assentos foi reduzido de 78 mil para 71.916 lugares, o que também impacta o custo da obra. O orçamento, inicialmente estimado em R$ 3,1 bilhões, foi reavaliado para R$ 2,2 bilhões.

Segundo Bap, a simplificação do projeto foi necessária diante das condições atuais de financiamento. Ele afirmou que seria inviável bancar o estádio com dívidas sem comprometer a performance esportiva ou recorrer à transformação do clube em SAF.

O estudo, elaborado pela FGV Conhecimento e pela Arena Events+Venues, apontou três modelos de financiamento. O primeiro, por empréstimos, foi descartado. O segundo, de parceria com investidores privados, mostrou retorno lento e risco elevado. O terceiro, considerado o mais viável, é a utilização gradual de recursos próprios, reforçados por receitas como naming rights e venda antecipada de camarotes e cadeiras.

Esse modelo prevê três etapas. A primeira, entre 2026 e 2028, é de formação de reservas, com aportes mensais de R$ 5,8 milhões. A segunda, de 2028 a 2033, concentra a fase de licenças, descontaminação e preparação do terreno, com aportes dobrados para R$ 11,6 milhões. A última, entre 2033 e 2036, será a fase de construção, exigindo aportes de R$ 12,5 milhões mensais.

Um entrave ainda sem solução é a área ocupada pela Naturgy, responsável pela estrutura de gás no local. A empresa já informou que não há prazo para desocupação, e a prefeitura do Rio assumirá os custos de relocação.

O plano prevê também receitas paralelas. A partir de 2029, o Flamengo pode levantar R$ 195 milhões com a venda de potencial construtivo da Gávea, além de arrecadar R$ 214 milhões com camarotes, R$ 128 milhões com cadeiras e cerca de R$ 177 milhões em naming rights próximo da inauguração.

O presidente aproveitou a ocasião para cutucar a antiga gestão, dizendo que o contrato assinado com a Libra teria custado ao clube meio bilhão de reais em receitas de TV. Segundo ele, caso o acordo fosse diferente, o estádio poderia sair até 2034.

Apesar das dificuldades, Bap garantiu que o projeto está vivo: “O Flamengo terá o seu estádio. Não no prazo que muitos imaginavam, mas de forma segura e sustentável”.