Ex-jogadores, através de seus advogados, não estão de acordo com o Vasco (Foto/Marcelo Sadio - Site oficial do Vasco)
O Vasco da Gama enfrenta mais um impasse fora de campo. A crise financeira, que já arrasta o clube há anos, ganhou novo capítulo na Justiça após dez ex-jogadores e o Olimpia, do Paraguai, contestarem o plano de recuperação judicial apresentado pela diretoria.
As contestações foram protocoladas na 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, no Rio de Janeiro, e apontam para condições consideradas abusivas, especialmente no tratamento das dívidas trabalhistas.
Segundo os advogados que representam os atletas, o plano prevê um deságio de 92% sobre créditos reconhecidos, deixando apenas 8% para pagamento aos profissionais que não participaram das negociações mediadas.
Na lista dos ex-jogadores estão nomes conhecidos da torcida: Abedi, Anderson Salles, Diogo Silva, Éder Luís, Fellipe Bastos, Jumar, Muriqui, Paulão, Thiago Maciel e Ygor Maciel. Todos são representados pela Laporta Costa Advocacia.
Eles alegam que o documento fere a Lei de Recuperação Judicial, que estabelece prioridade e integralidade no pagamento dos créditos trabalhistas.
O Olimpia, também credor, engrossou a contestação. O clube paraguaio classificou a proposta como “ilegal” e “discriminatória”, afirmando que o plano privilegia quem aceitou negociar diretamente com o Vasco e impõe perdas excessivas aos demais.
Além disso, o time estrangeiro apontou que os prazos oferecidos para quitação ultrapassam os limites previstos em lei, configurando tentativa de “perdão disfarçado” das dívidas.
Não é a primeira vez que o plano sofre resistência. Em agosto, o Ministério Público do Rio de Janeiro já havia se manifestado contra trechos do documento, destacando “graves ilegalidades”.
Na ocasião, o MP alertou que, mesmo com eventual aprovação em Assembleia de Credores, as cláusulas irregulares impediriam a homologação do plano.
Para o órgão, as condições propostas pelo Vasco e por sua SAF ferem a isonomia entre credores e podem inviabilizar juridicamente a recuperação.
A recomendação do Ministério Público foi clara: ajustes precisariam ser feitos antes da votação definitiva. Agora, com as contestações oficiais de ex-jogadores e de um clube internacional, a situação se complica ainda mais para o Vasco.
O caso reacende a discussão sobre a viabilidade do modelo de gestão adotado pela SAF e expõe a fragilidade da proposta construída pela atual administração. Enquanto a bola rola nos gramados, nos tribunais o Vasco luta contra o tempo para provar que seu plano é viável e legal.
O desfecho caberá ao juiz responsável pela 4ª Vara Empresarial, que terá de avaliar se o documento pode seguir adiante ou se deverá ser refeito.
Se houver decisão contrária, o clube terá de reestruturar toda a proposta, atrasando ainda mais o processo. O impasse jurídico aprofunda o momento delicado que o Vasco vive fora de campo e mantém em aberto o futuro da recuperação judicial.
Para os credores, a expectativa é de que prevaleça o respeito à lei e que o pagamento integral dos créditos trabalhistas seja garantido. O Vasco, por sua vez, ainda não se manifestou sobre as novas contestações.