Após investigação jornalística, governo retira do ar plataforma da dark web que usava inteligência artificial para produzir e comercializar cenas com crianças

Ação da AGU bloqueou rede que transformava fotos de crianças em material ilegal (Foto/Toninho Tavares/Agência Brasília)
BRASÍLIA – A Advocacia-Geral da União (AGU) derrubou nesta semana um site estrangeiro que vendia imagens falsas de abuso infantil produzidas com inteligência artificial. A plataforma atuava na dark web, a parte oculta da internet onde usuários navegam de forma anônima e onde costuma circular grande parte dos crimes digitais – inclusive exploração infantil.
A remoção só foi possível depois que a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia notificou a empresa responsável, sediada fora do país, alertando que ela estava permitindo a criação e venda de material ilegal.
O site transformava fotos reais de crianças em deepfakes – imagens manipuladas por inteligência artificial que parecem verdadeiras, mas são totalmente falsas. Essas montagens eram depois comercializadas e compartilhadas em ambientes anônimos.
A ação teve início após uma investigação jornalística do Núcleo – em parceria com o Pulitzer Center – revelar que grupos de pedófilos vinham usando ferramentas de IA de uso comum para produzir imagens altamente realistas de crianças em situações de abuso inexistentes.
Segundo a AGU, o site derrubado fazia parte desse circuito clandestino: recebia fotos, aplicava IA para criar versões sexualizadas e disponibilizava o pacote para venda. A reportagem foi decisiva para localizar a plataforma e entender como ela operava.
A ação foi baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e em acordos internacionais que obrigam o Brasil a agir imediatamente diante de qualquer risco de exploração infantil.
Fonte/O Tempo