Preço gordo das carnes bovina e suína faz despencar vendas em açougues. Em Uberaba, proprietários calculam baixas de até 50% no fluxo de clientes.
À frente de um açougue no bairro Valim de Melo, Lilian Petrúcia Martins da Silva conta que o consumidor está eliminando as carnes da lista de compras. A alta de mais de 12% no produto alavanca a inflação no país e desacelera as vendas nas cidades. Segundo a comerciante, o quilo do lombo grosso bovino, que custava R$ 8,50, em média, saltou para R$ 11,50. A alta nos cortes suínos aparece camuflada, mas também é motivo de preocupação. O quilo do pernil de porco, que chegou a ser vendido por
R$ 8, hoje é encontrado por R$ 10.
Há 29 anos atuando como açougueiro, Mozar Geraldo explica que fim de ano sempre foi sinônimo de reajuste nos preços, mas em 2010 os valores surpreenderam. “O povo não tem dinheiro para acompanhar o preço da carne, que disparou, então, some todo mundo”, pontuou. Segundo Mozar, o período de seca contribuiu para o sobe-e-desce de preços. O trato do animal, até que ele chegue à mesa do consumidor, depende de uma série de etapas que também causaram o aumento dos custos.
Outro problema verificado pelo açougueiro é o abatimento de matrizes. Para Mozar, nos últimos tempos, o rebanho que não deveria ser abatido foi incluído de maneira errônea na comercialização; a matança indiscriminada de matrizes influencia de forma negativa na produção de gado.
A resposta para consumidores assíduos de carne, como o aposentado Jesus Oliveira, pode estar na lei da oferta e procura. Com altos preços e recuo das vendas, a quantidade de produto exposto no mercado pode potencializar a pressão sobre os preços praticados, sinalizando queda.