Na quinta-feira, 2, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que a inflação está sob controle e não vai escapar da meta prevista para o ano. O ministro disse também que o preço dos alimentos vai cair no começo de 2011, mas a notícia não agradou aos produtores rurais.
Para o ministro, a alta no preço dos alimentos no Brasil, que foi registrada nos últimos meses, é cíclica e pode ser explicada pela elevação mundial no preço das commodities, causada por problemas climáticos e pela especulação nos mercados futuros.
Segundo Mantega, foi detectada uma alta forte nos preços de produtos como o milho, trigo e o feijão, mas já surgiram sinais de reversão da tendência no atacado. No varejo, o refluxo será sentido em janeiro. “Podemos ficar tranquilos porque haverá redução no preço dos alimentos no ano que vem”, afirma.
O secretário da Agricultura, José Humberto Guimarães, diz que a situação da soja e do milho está hoje regulada pelo mercado internacional.
“A Bolsa de Chicago trata disso em nível mundial. O Brasil está exportando, neste ano, número recorde de milho, sendo mais de 10 milhões de toneladas, e o mercado - externo e interno - é comprador. O milho estava com o preço muito aquém daquilo que o produtor rural poderia remunerar. Portanto, com as exportações e a necessidade interna, eu não sei se na verdade o milho pode baixar de preço”, afirma. O secretário diz que é pouco provável que os preços sejam reduzidos.
De acordo com José Humberto, são vários componentes da soja e a sua safra este ano vai ser muito grande, tanto nos EUA quanto na América do Sul. “Isso pode interferir no preço, porque os estoques de soja observados são os menores nos últimos
15 anos. Para regular os estoques, pode ser que as grandes safras também não atendam a toda a demanda, porque tem que ter estoques reguladores. Mesmo que a safra seja grande, a perspectiva é de que o mercado também seja remunerador para o produtor. Então, a expectativa é de que os preços se mantenham como estão”, enfatiza. “Se forem considerados esses dois produtos, entendo que os preços vão se manter, porque o valor da soja e do milho melhorou para remunerar o produtor. Mas com os preços que eles vinham mantendo há três meses estava dando prejuízo”, acrescenta.
Ainda segundo José Humberto, o Brasil não exporta feijão e o valor do produto é cíclico. “Quando o preço está muito alto, como quando ocorreu recentemente, os produtores plantam muito feijão, e há uma safra boa. Aí os preços baixam. Então, já era esperada essa redução de preço”, conclui.