Presidente declarou também que bilionários ainda 'vão pagar o imposto que merecem' e pediu que trabalhadores não fiquem 'quietos'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (9/10) que o "trabalhador não vai deixar barato" a derrubada da medida provisória que previa aumentar tributos, a MP 1303, pela Câmara dos Deputados, na quarta-feira (8/10).
O petista também pediu aos "trabalhadores" que não fiquem "quietos" e declarou que os bilionários ainda "vão pagar o imposto que merecem". A declaração foi dada durante um evento de inauguração de uma fábrica da montadora chinesa BYD em Camaçari (BA).
Lula assina lei que aumenta prazo para deputado atingir idade mínima e pode beneficiar filho de Lira
"Ontem foi triste, porque uma parte do Congresso Nacional votou contra a taxação que a gente queria fazer dos bilionários desse país, daqueles que ganham muito e pagam pouco, e vocês [trabalhadores] não podem ficar quietos. Eles podem saber que é uma questão de dias. Eles vão pagar o imposto que merecem aqui no Brasil, porque o trabalhador não vai deixar barato", disse Lula.
Na quarta-feira, o presidente já havia declarado que a decisão da Câmara era uma derrota não para o governo, mas para o povo brasileiro.
"A decisão da Câmara de derrubar a medida provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Dos mais ricos", escreveu, em suas redes sociais.
"Impedir essa correção é votar contra o equilíbrio das contas públicas e contra a justiça tributária. O que está por trás dessa decisão é a aposta de que o país vai arrecadar menos para limitar as políticas públicas e os programas sociais que beneficiam milhões de brasileiros. É jogar contra o Brasil", destacou.
Além disso, Lula chamou de "pobreza de espírito" misturar a votação da MP com questões eleitorais.
'Tarcísio é o candidato dos bilionários, das bets e dos golpistas'
Durante o evento na Bahia, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também criticou os deputados que derrubaram a MP 1303.
"A gente infelizmente viu um sorriso cínico no canto da boca, pra disfarçar do povo, daqueles que comemoraram dizendo ‘agora eles se deram mal’. Porque é a mesma turma que comemorou silenciosamente o fechamento da Ford [aqui na Bahia]. Por aqueles que fazem prática e uso do quanto pior, melhor", afirmou.
Já a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, voltou a acusar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de articular a derrubada da medida provisória.
"É vergonhoso o governador Tarcísio fingir que não atuou para sabotar a MP 1303, quando até o líder da oposição agradeceu a ele. O que Tarcísio quer esconder do eleitor é que ele é o candidato dos bilionários, das bets e dos golpistas. Não pensa no povo nem no país", escreveu a ministra no X.
Por 251 votos contra 193, a oposição retirou a MP de pauta, sem analisar o mérito. Com isso, o texto perdeu a validade.
Segundo o governo, a derrubada da medida deve causar um bloqueio nas despesas de 2025, incluindo emendas parlamentares. A previsão de arrecadação com a MP era de R$ 35 bilhões.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) já afirmou que haverá um contingenciamento de emendas parlamentares, de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões.
“Caso não tenha MP, vem a R$ 7 bi a 10 bi de contingenciamento. Só de emendas. Vai precisar de outras áreas também. Mas o próximo contingenciamento é de 7 bi a 10 bi em emendas”, afirmou.
"Se não tiver fonte de receita, qual é a alternativa que nós temos?", destacou Randolfe, em fala a jornalistas, na quarta-feira.
Fonte: O Tempo.