Papa Francisco, em imagem criada a partir de inteligência artificial (Foto/Reprodução)
Em tempos de inteligência artificial (IA), como enfrentar as notícias do mundo real? Esse talvez seja o grande desafio, acrescentando um degrau de dificuldade na distinção das fake news. Essas, se já eram disseminadas sem critério algum, sobretudo nas redes sociais, ganham novos contornos com as novas ferramentas de IA.
Mas, antes de crucificar a inteligência artificial e empunhar bandeiras contra a nova revolução tecnológica que se instala, importa destacar sua função a serviço do que chamamos de bom jornalismo. Por que um publisher, como é o caso do Jornal da Manhã, usaria atributos de IA?
Como praticamente tudo na vida, os recursos tecnológicos também têm os dois lados da moeda. Se usada para “o bem”, a IA pode auxiliar na revisão ortográfica de textos, por exemplo, e também para conhecer melhor o público, saber do que gosta e quais as preferências de conteúdo (dentro dos limites legais, obviamente). Contudo, se usada “para o mal”, fica mais fácil para terceiros se apropriarem indevidamente de conteúdos de autoria diversa. Trocando em miúdos: “roubar conteúdo” ficou mais acessível.
Presidente Lula vendendo paçoquinha, em imagem criada a partir de inteligência artificial (Foto/Reprodução)
É aí que entra o papel importantíssimo do leitor, para estourar a bolha da artificialidade e não depositar sua confiança em aventureiros. Quanto a isso, nada de novo no front, mas é algo que precisa ser repetido à exaustão, uma vez que as fake news continuam sendo uma baita pedra no sapato. Acreditar em tudo que é postado no “grupo do zap” ou na página duvidosa do Facebook, Instagram e afins dá um trabalhão enorme para a sociedade, já que o remédio sempre demora a curar a doença. Desfazer o mal anda a passos lentos, enquanto a fofoca e a má-notícia andam na velocidade da luz. Sabe a máxima de que notícia ruim corre rápido?
O trabalho firme de checagem de conteúdo, verificação de veracidade dos fatos e a habilidade do profissional por trás da apuração são violados à medida que terceiros copiam – e muitas vezes distorcem – o trabalho árduo e a dedicação profissional. A apropriação da propriedade intelectual é crime. Mesmo que haja punição, a internet ainda é terreno fértil para o bang bang de faroestes caboclos em busca de um palco de curtidas. Uma verdade nua e infeliz, trazida pela modernidade.
Donald Trump sendo perseguido por policiais, em imagem criada a partir de inteligência artificial (Foto/Reprodução)
Além disso, a inteligência artificial, como o ChatGPT, pode criar conteúdos simplesmente inverídicos. Isso porque o componente de inteligência da artificialidade desconhece princípios básicos do jornalismo na hora de produzir um texto inédito sobre algum assunto – entre eles, a checagem de veracidade dos fatos.
Assim, grandes veículos de comunicação Brasil afora têm tido cautela ao adotar o recurso da OpenAI, sem apostar na construção de conteúdo, justamente pelo enorme potencial de criar textos falsos ou cheios de meias-verdades. Mas nem todos os que se autointitulam imprensa após a queda da obrigatoriedade de diploma de jornalismo comungam da mesma responsabilidade e preferem aproveitar as facilidades do ChatGPT para uma criação quase infinita de conteúdo.
Vladmir Putin sendo preso, em imagem criada a partir de inteligência artificial (Foto/Reprodução)
Por isso, apoiar o jornalismo profissional é imperativo numa sociedade justa. Conhecer a verdade é critério fundamental para criar opiniões e essa distinção entre certo e errado ainda precisa da sensibilidade humana. Discernimento e juízo são construídos em algo além de uma sopa de letrinhas produzida por máquinas. Ainda é preciso um coração pulsante para identificar fatos e conhecer histórias.
*todas as imagens desta matéria foram construídas por inteligência artificial. Nenhuma corresponde à realidade