GUERRA

Ataque de Israel a Beirute mata líder da brigada de elite do Hezbollah

Agência Estado
Publicado em 21/09/2024 às 14:44
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O ataque representa uma grande escalada das tensões na região, alimentando o temor de que uma guerra total possa eclodir entre Hezbollah e Israel (Foto/Divulgação)

Nesta sexta-feira, 20, a Força Aérea de Israel bombardeou Beirute e matou Ibrahim Aqil, chefe da Al-Radwan, unidade de elite da milícia xiita Hezbollah. O grupo confirmou a morte de Aqil, que era procurado pelos EUA por seu envolvimento nos sangrentos atentados na capital libanesa em 1983.

Segundo o Exército israelense, outros membros do grupo foram mortos no ataque, conduzido dias depois das explosões de pagers e walkie-talkies de integrantes do Hezbollah, que deixaram 37 mortos e mais de 3 mil feridos. O Ministério da Saúde libanês afirmou que 14 pessoas foram mortas no bombardeio de ontem.

O ataque representa uma grande escalada das tensões na região, alimentando o temor de que uma guerra total possa eclodir entre Hezbollah e Israel. Na quinta-feira, os israelenses bombardearam o sul do Líbano em uma das campanhas mais intensas em quase um ano de combates.

O ataque israelense de ontem destruiu pelo menos um prédio residencial no coração de Dahiya, uma área densamente povoada de Beirute e reduto do Hezbollah. Moradores descreveram cenas caóticas. Segundo o porta-voz das forças israelenses, Daniel Hagari, Aqil e os outros militantes estavam reunidos no prédio em uma tentativa de "usar civis como escudos humanos". Segundo o New York Times, não foi possível verificar essa informação de forma independente.

Hagari afirmou que Aqil ajudou a elaborar um plano do Hezbollah para invadir o norte de Israel, semelhante à ofensiva liderada pelo Hamas no sul do país, em 7 de outubro.

Foguetes

O Hezbollah, por sua vez, também lançou ataques contra o norte de Israel ontem. Segundo o Exército israelense, o grupo disparou cerca de 140 projéteis - a maioria deles foi interceptada. O grupo libanês afirmou, porém, que seus foguetes atingiram sedes de duas divisões militares de Israel no norte do país e nas Colinas do Golan.

O Hezbollah afirmou que os disparos de ontem ocorreram em solidariedade ao Hamas, na Faixa de Gaza, e não como vingança pelas explosões de pagers e walkie-talkies. O grupo libanês prometeu que ainda vai retaliar Israel ao longo da semana.

Aqil, o alvo do ataque em Beirute, era procurado pelos EUA pelo envolvimento em dois ataques terroristas, em 1983, que mataram mais de 300 pessoas na Embaixada dos EUA e no quartel do Corpo de Fuzileiros Navais americano na capital libanesa. Os dois ataques foram reivindicados pela Jihad Islâmica, vinculada por Washington ao Hezbollah.

Procura-se

O Departamento do Tesouro dos EUA oferecia US$ 7 milhões (cerca de R$ 38,3 milhões) por informações relacionadas ao paradeiro de Aqil. Como a maioria dos líderes do movimento islâmico, ele usava vários pseudônimos e não era uma figura conhecida do grande público.

Seu assassinato é um duro golpe para o Hezbollah, já que se trata do segundo alto comando abatido por Israel desde que o grupo libanês abriu uma frente no sul do Líbano como forma de apoio ao Hamas.

Israel exige, por meio de mediadores internacionais, o recuo do Hezbollah das áreas fronteiriças do sul do Líbano. De acordo com fontes próximas do grupo xiita, Aqil era o segundo na hierarquia, mas estava no comando da Al-Radwan depois que Fuad Shukr foi morto em um bombardeio no subúrbio de Beirute, em 30 de julho. A brigada é considerada a vanguarda do Hezbollah em seu combate contra Israel.

Número de mortos em bombardeio aéreo de Israel em Beirute sobe para 31

O ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad, afirmou neste sábado, 21, que o número de mortos em um bombardeio aéreo israelense que ocorreu no subúrbio de Beirute na sexta-feira, 20, subiu para 31, incluindo sete mulheres e três crianças.

Firass Abiad disse aos repórteres que 68 pessoas também ficaram feridas, das quais 15 permanecem no hospital. Este foi o maior ataque de Israel contra Beirute desde a última guerra entre Israel e a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, em 2006.

O número de mortos inclui Ibrahim Akil, um comandante do Hezbollah que estava no comando das Forças de elite Radwan, assim como cerca de uma dúzia de membros do grupo que estavam se reunindo no porão do prédio que foi destruído. O Exército de Israel afirmou que 11 militantes do Hezbollah foram mortos no bombardeio.

Ataque

O bombardeio israelense ocorreu a luz do dia, em um bairro densamente povoado no subúrbio de Beirute, enquanto pessoas voltavam do trabalho e alunos das escolas. Tropas libanesas isolaram a área, impedindo que as pessoas chegassem perto do prédio que caiu, enquanto membros da Cruz Vermelha Libanesa retiravam corpos dos escombros.

O Hezbollah, por sua vez, também lançou ataques contra o sul de Israel. Segundo o Exército israelense, o Hezbollah disparou cerca de 140 projéteis contra posições de Israel no norte e muitos mísseis foram interceptados. Grupos de resgate e de incêndio estavam trabalhando em Israel para extinguir os incêndios causados pelos ataques do Hezbollah. O grupo libanês apontou que seus foguetes atingiram sedes de duas divisões militares de Israel no norte e nas Colinas do Golan.

Explosões de pagers e walkie-talkies

A troca de ataques entre Israel e a milícia xiita radical libanesa ficaram mais intensos após a explosão de pagers de integrantes do Hezbollah ao redor do Líbano na terça-feira, 17, em uma ação atribuída a Israel. Doze pessoas morreram no ataque e milhares ficaram feridas.

Um dia depois de explosões simultâneas de pagers ,walkie-talkies usados pelos militantes do grupo também explodiram na quarta-feira, 18. Somadas as duas explosões, o número de mortos chegou a 37 e 3 mil ficaram feridas.

Em um pronunciamento na quinta-feira, 19, o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que o grupo irá retaliar contra Israel e não irá parar com os bombardeios no norte do país vizinho. "O inimigo cruzou todas as fronteiras e linhas vermelhas e enfrentará uma punição severa e justa."

Nova fase

Israel não admitiu estar por trás das explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah, mas o governo israelense sinalizou ao longo da semana que a guerra está mudando de foco. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse na quarta-feira que o centro da guerra de Israel está indo em direção ao norte, referindo-se ao Líbano.

Hezbollah e Israel trocam ataques desde o inicio da guerra entre Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Após o ataque, o Exército israelense iniciou uma ofensiva em Gaza, que deixou mais de 40 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas e não diferencia civis de terroristas.

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