João Fábio Sommerfeld
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), passando para 12,50% ao ano. Esta é a quinta elevação no ano, deixando os juros no nível mais alto desde janeiro 2009. Esta taxa é o instrumento utilizado pelo Banco Central para manter a inflação sob controle ou para estimular a economia.
De acordo com o economista Marco Antônio Nogueira, o aumento da taxa tem como objetivo conter a alta da inflação. Entretanto, ele explica que a elevação da taxa tem um significado muito mais simbólico na vida das pessoas. “Quando estou elevando a taxa básica de juros, estou remunerando mais os meus títulos, para reduzir o nível de consumo. Para o dia-a-dia das pessoas, isto é insignificante, por que o percentual de reajuste é muito pequeno”, observa.
Marco Antônio ressalta que a Selic não é muito efetiva para reduzir o consumo. Para ele, pagar no mínimo 20% da fatura do cartão de crédito é mais efetivo que o aumento da taxa básica de juros. De acordo com as novas regras, que passaram a vigorar no dia 1º de dezembro, o pagamento mínimo da fatura mensal, que é de 15%, passará para 20%. A decisão visa a contribuir para a redução do endividamento dos clientes, já que os juros altos incidem sobre o saldo devedor.
Segundo o economista, o Brasil é campeão mundial em taxas de juros e muitos estrangeiros vêm ao país aplicar em fundos de investimentos em função do aumento da Selic. “Para o investidor estrangeiro, 0,25% é muita coisa. Na Europa, o juro é baixo; nos Estados Unidos e Japão, é negativo. Quando aumenta essa taxa, os beneficiados são os fundos de investimentos americanos e japoneses, pois é algo atraente para esses investidores”, destaca.
Neste ano, a taxa Selic tem aumento de 1,75 ponto percentual. É esperado na próxima reunião do Comitê, marcada para o final de agosto, aumento de pelo menos mais 0,25 ponto percentual.