No dia 13, o Jornal da Manhã noticiou o caso da auxiliar de serviços gerais A.O.G., 25 anos, que foi espancada pelo companheiro com uma barra de ferro. A jovem faz parte de uma estatística alarmante em Uberaba, a de mulheres agredidas por companheiros. A.O.G., que já havia sido agredida pelo mesmo companheiro, chegou a procurar o Centro de Referência da Mulher, mas decidiu não prestar queixa, por medo.
Para a titular da Delegacia da Mulher, Ludmila Perfeito, se A.O.G. tivesse denunciado a agressão, o Centro de Referência de Assistência à Mulher Vítima de Violência Doméstica em Uberaba entraria com medida de proteção e a agressão poderia ter sido evitada. O Centro já atendeu, somente em setembro, cerca de 55 casos de violência doméstica.
Desse total, 33 vítimas foram atendidas pela Delegacia da Mulher, das quais nove foram por estupro. “O restante dos casos não foram encaminhados à delegacia ou elas não quiseram tomar providência. Mas o número real de ocorrências de agressão contra a mulher com certeza é maior. São mulheres que registram Boletim de Ocorrência e não voltam à delegacia ou que sequer denunciam”, afirma Ludmila. No entanto, a delegada ressalta que o quadro está mudando. “A consciência de solicitar ajuda vem aumentando, as vítimas têm tomado coragem, mas muitas ainda são tímidas”, frisa. Violência doméstica - A psicóloga Ilcea de Andrade Borba Marquez explica que violência doméstica é toda agressão física ou psicológica que acontece dentro de uma família, em todos os tipos de relações, entre pais e filhos, marido e mulher ou entre irmãos. “Cercear a liberdade é uma violência que não se reflete no rosto machucado, mas é forte. E o perfil do violento aparece através do ciúme, que não é prova de amor. É uma pessoa doente, que precisa de tratamento”, esclarece.
Se hoje não vemos claramente os resultados da Lei Maria da Penha é porque muitas mulheres ainda têm medo de denunciar seus agressores ou acreditam que as agressões não voltarão a acontecer. “Existe uma estrutura social que apoia e protege o agressor. A família geralmente propicia a reconciliação, não permitindo que a mulher tome atitude e como ela é criada para priorizar o afeto e defender a família, submete-se à violência”, explica Ilcea de Andrade. A psicóloga destaca que a mulher não precisa mais ter vergonha de revelar que foi agredida, porque agora existem delegacias especiais, onde são atendidas por outras mulheres.
A delegada Ludmila Perfeito ainda orienta as mulheres que forem agredidas a procurar o Centro de Referência da Mulher, que fica na rua Segismundo Mendes, nº 201, telefone 3321-8878. “Nós temos como coibir que novas agressões ou ameaças aconteçam. Se não tomamos conhecimento não há como tomar providências e o índice de reincidência é elevado”.