Antes vista como uma aventura, o Bitcoin tem ganhado cada vez mais aceitação, especialmente no setor de investimentos. Entenda porque isso está acontecendo.
Bitcoin, um tipo de criptomoeda (Foto/Vasilis Chatzopoulos na Unsplash)
Ao longo da última década, o Bitcoin se consolidou como a principal referência no mercado de criptomoedas, mas sempre vista com um pé atrás por muita gente. Isso, porém, parece estar mudando.
Foram anos de desconfiança generalizada, mas nos últimos tempos até empresas de investimento de grande porte estão comprando o equivalente a bilhões de dólares em Bitcoin.
Isso, claro, se reflete no mercado como um todo. Já é possível pagar por uma série de produtos e serviços usando criptomoedas (não só o Bitcoin). No entanto, alcançar uma aceitação global em massa ainda representa um grande desafio para os players da área.
Vale notar, ainda, que a aceitação do Bitcoin como meio de pagamento não cresceu tanto quanto se esperava, embora o crescimento, de fato, exista.
Investidores em Bitcoin receberam uma notícia promissora com o lançamento de um novo produto financeiro em janeiro de 2024: um ETF vinculado ao Bitcoin, aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
Esclarecendo: estamos falando de uma modalidade de Fundos de Índice – a sigla ETC é, em inglês, Exchange Traded Fund. Esse fundo negociado em bolsa segue o preço da criptomoeda e, segundo um relatório da New World Wealth e Henley & Partners, os ETFs de Bitcoin provocaram um aumento substancial nos investimentos nessa moeda, impulsionando as transações no mercado digital.
Além disso, o número de investidores com mais de US$ 1 milhão em criptoativos quase dobrou, e o mercado cripto em si experimentou um crescimento significativo. No Brasil, a Receita Federal revelou que o número de investidores em ativos digitais passou de 1,5 milhão para 4,1 milhões, isso considerando apenas os dados de julho de 2024, diga-se.
A principal motivação para a criação das criptomoedas era o controle exercido por governos, bancos centrais e instituições financeiras. Já hoje, são os próprios Bitcoin e as criptomoedas como um todo que recebem investimentos massivos dessas mesmas instituições e órgãos, algo quase irônico.
O que acontece é que, ao invés de enxergarem o mercado cripto como concorrente às moedas fiduciárias, essas instituições agora compreendem a área como passível de investimento ela mesma.
Hoje, o Bitcoin já deixou de ser palavra difícil usada nos círculos fechados da Faria Lima, e é conhecido por muita gente. Vale notar ainda que a crescente aceitação do Bitcoin é facilitada pelos avanços da inteligência artificial, que pode contribuir na visada integração da criptomoeda no sistema monetário e comércio tradicional.
Um dos pontos mais cruciais para melhorar essa aceitação é a independência das cripto em relação às questões financeiras governamentais. Diante de crise e inflação normais e esperadas nas moedas fiduciárias, o mercado cripto age como área em que é possível imagina certa proteção contra isso.
Um exemplo notável de aceitação do Bitcoin mundo afora é o que tem sido visto em El Salvador, país que em 2021 se tornou o primeiro a adotar o Bitcoin como moeda de curso legal (ao lado do dólar americano).
Não, El Salvador não tem moeda própria. Desde a adoção da cripto como moeda oficial, empresas e comércios no país são obrigados a aceitar o Bitcoin como forma de pagamento – e até mesmo impostos podem ser pagos via criptomoeda.
Há também aqui no Brasil exemplos concretos de como as cripto têm crescido. Em Rolante, no interior do Rio Grande do Sul, cerca de 194 estabelecimentos (quase 39% do comércio local) aceitam Bitcoin.
Já na capital Porto Alegre, mais de 100 estabelecimentos fazem o mesmo. Hoje, no fim das contas, as estimativas não-oficiais indicam que o Brasil conta com pelo menos 11 milhões de investidores em Bitcoin, sem contar outras criptos.
Claro que os mais empolgados acreditavam que a transição seria muito rápida, mas há um sistema global de mercados financeiros baseado em moedas e o Bitcoin é um novo ator. Mas os avanços já são claros e devem continuar, seja usando o Bitcoin apenas como investimento ou até como moeda para a compra de produtos.