PREVENÇÃO

“Câncer de colo do útero é totalmente evitável”, diz especialista

Médico do Hospital Hélio Angotti destaca fatores de risco e como prevenir

Publicado em 31/03/2024 às 15:29
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O câncer de colo de útero é o terceiro mais prevalente nas mulheres no Brasil. Quando avaliado por regiões, ele pode aparecer como segundo, por uma maior dificuldade de acesso à saúde. E mesmo em áreas mais desenvolvidas do Brasil, as estatísticas ainda são piores do que em países desenvolvidos. As informações são do médico ginecologista, integrante do corpo clínico do Hospital Hélio Angotti, Rafael Garcia Torres.

Segundo ele, os dados brasileiros são piores por causa da precariedade da prevenção. “O câncer de colo do útero é um dos poucos que são totalmente evitáveis, já que é possível se detectar alterações pré-cancerígenas em um estágio não-invasivo, ou seja, antes de ser desencadeada a carcinogênese, que é a mutação genética que leva ao câncer”, explica o especialista.  

Rafael ressalta também a relação, quase que exclusiva, deste tipo de câncer e o HPV (Papilomavirus Humano), que tem quase 200 variantes sendo que algumas delas estão relacionadas com verrugas genitais e outras com câncer de colo de útero. E alerta que “além do colo do útero, o HPV também está relacionado com câncer de vulva, vagina, pênis, ânus, orofaringe, por ser um vírus com transmissão de contato”.

Ainda de acordo com o médico, estima-se que, provavelmente, pelo menos 80% das mulheres vão ter contato com alguma variante do HPV ao longo da vida. “A nossa vantagem é que o sistema imunológico, quando competente, quando a pessoa tem bons hábitos de vida (alimentação, atividade física, não fumar, etc) ela consegue eliminar o vírus do corpo em até seis meses, sem nem ficar sabendo disso”. 

Sobre as formas de prevenção e redução de riscos de transmissão do HPV, o médico destacou a vacinação, disponível na rede pública para meninos e meninas de 9 a 14 anos e na rede privada para as pessoas até 45 anos que queiram se imunizar. Para quem tem vida sexual ativa, a recomendação é o uso do preservativo, mas, mesmo ele alerta que ainda é possível a transmissão pelo contato ‘pele a pele’.

Há ainda os exames de pesquisa das alterações que o HPV pode causar. “Aí entra o Papanicolau, onde ocorre a coleta de células do colo do útero e com alterações sugestivas para HPV, que podem ser tratadas antes de evoluir para câncer. E estima-se que o prazo, desde o contato com o HPV, até um câncer, seja de 8, 10, às vezes 15 anos de progressão. Só tem câncer de colo de útero quem passa muito tempo sem fazer avaliação preventiva”, afirmou ele. Vale lembrar que o exame, pela diretriz do Ministério da Saúde, é recomendável para mulheres entre 25 e 64 anos, uma vez por ano. Se dois exames seguidos anuais estiverem normais, ela pode fazer a cada três anos.  

Para finalizar, Rafael Garcia explicou que o câncer de colo de útero é assintomático, mas, em estágios avançados, pode provocar secreção, odor mais forte, sangramento, insuficiência renal, porque o tumor vai crescendo em direção a parte urinária e atrapalha o processo de eliminação da urina e pode dar metástase, o que, geralmente, leva à mortalidade.

“E não podemos deixar de dizer que a pesquisa molecular, que já é realidade há muitos anos na Europa, nos EUA, também vem aparecendo como método primário de prevenção. A coleta é a mesma do Papanicolau, mas ao invés de pesquisar as alterações do HPV, um aparelho procura DNA do vírus naquela amostra. E se um exame estiver normal, a mulher pode fazer o próximo depois de 5 anos”, concluiu. 

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