DISTORÇÃO

Classe média é a mais prejudicada com a defasagem da tabela do IR

Quem ganha R$ 5 mil paga R$ 505,64 de imposto por mês; se a tabela fosse atualizada, deveria pagar R$ 23,70, uma diferença de 2.033%

O Tempo
Publicado em 03/04/2023 às 07:23Atualizado em 03/04/2023 às 07:23
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Cédulas de Real (Foto/Ilustrativa)

As pessoas da chamada classe média, com renda total entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, são as mais prejudicadas com a defasagem na correção da tabela do Imposto de Renda (IR). 

Um estudo do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) aponta que a faixa mais prejudicada de todas é a que ganha R$ 5 mil. 

Sem a correção da tabela, estas pessoas pagam um imposto de R$ 505,64 todos os meses. Se a tabela fosse atualizada pela inflação, pagariam apenas R$ 23,70. Ou seja, os contribuintes nesta faixa de renda pagam hoje um valor 2.033% maior do que deveriam.

Isso significa que uma pessoa com R$ 5 mil de renda por mês teria R$ 481,94 a mais no orçamento para fazer compras de casa e pagar outras contas. Mas sem a atualização da tabela do IR, este dinheiro sai do bolso dela e vai direto para os cofres do Tesouro Nacional.

Já as pessoas que ganham R$ 6 mil por mês pagam 690% a mais de imposto do que deveriam. 

O trabalhador com renda de R$ 10 mil paga 177% acima do valor que seria devido. 

E quem recebe R$ 100 mil por mês paga 5% a mais do que a quantia que seria cobrada, caso a tabela fosse atualizada.

Percebe-se, aqui, em números, que o ônus da não correção da tabela é maior para os que ganham menos. Para o diretor-adjunto de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional, Marcelo Lettieri, essa lógica da penalização dos mais pobres em vez dos mais ricos vai na contramão dos princípios da capacidade contributiva e da progressividade. 

“Além de alertar a sociedade para as disparidades que precisam ser corrigidas, nosso estudo também pretende subsidiar o novo governo nas discussões da reforma da tributação da renda, pois, além da correção, é necessário incluir os mais ricos no Imposto de Renda, principalmente aqueles que possuem a maior parte dos seus rendimentos beneficiados por isenções”, frisou Lettieri.

Fonte: O Tempo

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