Acontece que o Conselho Tutelar de Uberaba saiu em defesa do acusado, o trabalhador rural S.J.M., 39 anos, afirmando que ele é inocente
O caso do pai suspeito de abusar sexualmente da filha de 11 anos pode tomar novos rumos. Acontece que o Conselho Tutelar de Uberaba saiu em defesa do acusado, o trabalhador rural S.J.M., 39 anos, afirmando que ele é inocente. A menina foi submetida a exame de corpo de delito e, inclusive, o resultado foi negativo.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, a assistente social do Conselho Patrícia Moreira confirmou que a família já vem sendo acompanhada há cerca de um ano e meio. Além do pai e da menina, também mora na casa um adolescente de 14 anos, com problemas mentais. Ele apresenta graves sinais de queimaduras, provocados na época em que sua mãe ateou fogo contra o próprio corpo, em janeiro deste ano. Depois de 20 dias, a mulher não resistiu aos ferimentos e faleceu.
De acordo com Patrícia, a menina e o próprio pai apresentam sinais de deficiência mental. No entanto, a notícia de que ele teria abusado da filha pegou todos de surpresa, segundo a assistente social. “Tão logo tomamos conhecimento, vimos que havia algo de errado, pois são pessoas idôneas, apesar de tudo”, afirmou.
Depois de averiguar o caso de perto, a equipe do Conselho Tutelar chegou à conclusão de que tudo não passou de um boato plantado pelo irmão de S., identificado como C.M., 38 anos. “O C. estava na casa da família, onde passou uma temporada para realização de exames médicos. No entanto, ele é usuário de drogas e, a partir do momento em que o S. negou lhe dar dinheiro para comprar drogas, ele plantou esse boato pela vizinhança, que decidiu fazer justiça com as próprias mãos”, explicou Patrícia, referindo-se ao fato de vizinhos terem espancado o acusado quando tomaram conhecimento da notícia de que estaria abusando da própria filha. Na tentativa de defender o pai, o adolescente também foi agredido. Assim, o trabalhador rural, que já estava com a perna esquerda quebrada e por isso não estava trabalhando, ficou ainda mais debilitado.
Agora, de acordo com Patrícia, o casal de irmãos passa por nova situação traumática. Como os parentes que estão dando abrigo a eles também estão sendo ameaçados, ambos serão encaminhados a abrigos públicos. Mas, por causa da diferença de idade, serão separados um do outro. “A situação vai ficar pior do que já estava. O boato tomou uma proporção muito grande. Nada foi constatado ainda. Claro que deve haver a investigação feita pela Justiça, inclusive nos colocamos à disposição para ajudar, mas a princípio ele é inocente”, ressaltou.
Procurado pela reportagem, S., que está fora de casa desde segunda-feira, em local não revelado para preservar sua segurança, diz não culpar a vizinhança pela reação agressiva. Segundo ele, pela gravidade da notícia, é normal que todos tomassem tal atitude. “Estou me sentindo mal. Estão me perseguindo e eu não posso nem sair na rua. Não posso ir nem à minha própria casa. Eu não fiz nada e vou provar”, afirmou, dizendo que o irmão que o acusou está retirando toda a comida da casa onde pai e filhos moravam, no bairro Abadia. “Quero ficar em paz e poder andar na rua”, finalizou.
De acordo com a delegada Vivian Borges, que assumiu essa semana a Delegacia da Mulher, tanto S. quanto a filha de 11 anos disseram em depoimento que não aconteceu o abuso. “É muito cedo para falar, mas tudo leva a crer que ele não tenha culpa. As investigações continuam, inclusive nós intimamos mais duas testemunhas para prestar depoimento”, concluiu a delegada.