A presidenta da República, Dilma Rousseff, disse que a crise econômica internacional é uma oportunidade para o Banco Central reduzir ainda mais a taxa básica de juros (Selic). “Graças ao nosso compromisso de robustez fiscal, estamos dando espaço para que o Banco Central, diante da crise, possa realizar uma cautelosa e responsável redução da taxa básica de juros”, disse ela.
A ação da autoridade monetária brasileira foi, na avaliação de Dilma, coerente com a situação pela qual o mundo passa. Para ela, “não é admissível que, em uma “conjuntura de recessão e processo deflacionário no resto do mundo, nós sigamos sem levar isso em conta”.
A expectativa da presidenta é que, caso os países da zona do euro e os Estados Unidos apresentem uma piora nos seus cenários econômicos, o Brasil esteja pronto para aproveitar o momento de possível queda sistemática da demanda e, consequentemente, dos preços. “Quanto mais a situação financeira ficar grave, desta vez nós vamos aproveitar”, disse Dilma.
A presidenta ponderou, entretanto, que os cortes da Selic deverão ser feitos dentro do “possível”, sem comprometer o controle da inflação. E, desse modo, “levar as condições monetárias do nosso país ao nível que a conjuntura internacional permitir”.
Apesar das possíveis vantagens pontuais para o Brasil, a presidenta lembrou que a crise também pode representar “ameaças” à economia brasileira. Esse é um cenário cada vez mais provável, na avaliação dela, uma vez que os países mais industrializados não têm recursos disponíveis para contornar as dificuldades. Entre esses riscos, Dilma apontou o de aumento das barreiras protecionistas nos países que passam por dificuldades.
O Governo está, no entanto, alerta para os problemas que podem surgir com o agravamento da conjuntura econômica. De acordo com ela, as medidas em benefício da indústria nacional estão entre as ações de prevenção contra o “vale-tudo do processo de competição internacional”, em ambiente de dificuldades. Dilma descartou a possibilidade da adoção de medidas que tenham a intenção de “achatar salários” ou flexibilizar contratos de trabalho.