A desigualdade aumenta no recorte de mulheres negras; os dados foram divulgados pelos ministérios do Trabalho e Emprego e das Mulheres
O raio x da diferença salarial entre homens e mulheres foi divulgado pelos ministérios do Trabalho e Emprego e das Mulheres (Foto/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Apesar de esforços por políticas de igualdade, as mulheres ainda ganham 19,4% a menos do que os homens no Brasil. Há diferença no índice de acordo com o grupo ocupacional, ou seja, a classe profissional a que pertence. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença de remuneração chega a 25,2% entre os gêneros.
O cenário aponta que mulheres negras são as que têm a renda mais desigual, além de estarem em menor número no mercado de trabalho (são 2,9 milhões de vínculos, ou 16,9% do total no mercado). Em média, uma mulher negra tem salário de R$ 3.040,89, o que representa 66,7% da remuneração das mulheres não negras. Homens não-negros têm salário médio de R$ 5.718,40 (27,9% superior à média).
Os números foram divulgados nesta segunda-feira (25) e integram o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, ministérios do Trabalho e Emprego e das Mulheres. Os dados são uma exigência da lei sobre igualdade salarial entre homens e mulheres, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho do ano passado. O balanço conta com informações de mais de 49,5 mil empresas que somam quase 17,7 milhões de funcionários.
O levantamento mostra que 51,6% das empresas possuem planos de cargos e salários ou planos de carreira, e que grande parte delas tem alguns critérios remuneratórios que são mais atingidos por homens do que por mulheres. É o caso de horas extras, disponibilidade para o trabalho, e metas de produção. O resultado é atribuído, em geral, à interrupção no tempo de trabalho das mulheres por conta de licença-maternidade e à dedicação com cuidados com filhos e pessoas dependentes.
Ainda de acordo com os dados, apenas 32,6% das empresas têm políticas de incentivo à contratação de mulheres. O valor é ainda menor quando grupos específicos de mulheres são considerados: negras (26,4%); mulheres com deficiência (23,3%); LBTQIAP+ (20,6%); mulheres chefes de família (22,4%); mulheres vítimas de violência (5,4%).
Outras 38,3% declararam que adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência. Menos da metade tem flexibilização de regime de trabalho para apoio à parentalidade (39,7%), de licença maternidade/paternidade estendida (17,7%) e de auxílio-creche (21,4%).
No ranking estadual, o Distrito Federal tem a menor desigualdade salarial entre homens e mulheres, de 8% e remuneração média de R$ 6.326,24. Sergipe e Piauí também tem índices pouco distantes de diferença salarial por gênero: 7,1% e 6,3%, respectivamente. Mas os dois Estados têm remuneração média menor: R$ 2.975,77 em Sergipe e R$ 2.845,85 no Piauí.
Em São Paulo, as mulheres recebem 19,1% a menos do que os homens, com remuneração média é de R$ 5.387. O resultado espelha a desigualdade média nacional, de acordo com o levantamento. Já no Amapá não há diferença no salário mediano contratual de mulheres e homens com carteira assinada, enquanto no Piauí o índice é de 4,1%.
Também está em São Paulo a maior população absoluta de mulheres com carteira assinada (2,6 milhões ou 14,7% do total de vínculos). Quando comparada a proporção habitacional, tem mais força no Acre (44,4%), Rio Grande do Sul (43,3%), Santa Catarina (42,7%) e Amapá (42,7%).
Fonte: O Tempo