Grupo disse que recebeu "garantias dos irmãos mediadores e do governo americano, todos confirmando que a guerra terminou completamente"
O chefe da delegação negociadora do Hamas, Khalil al-Hayya, afirmou nesta quinta-feira, 9, que o grupo recebeu "garantias dos irmãos mediadores e do governo americano, todos confirmando que a guerra terminou completamente".
Em discurso, ele anunciou a conclusão de um acordo para encerrar a guerra na Faixa de Gaza que inclui "o início da implementação de um cessar-fogo permanente, a retirada das forças de ocupação Israel, a entrada de ajuda humanitária e a reabertura da passagem de Rafah nos dois sentidos".
Segundo al-Hayya, o acordo também prevê a troca de prisioneiros, "com a libertação de 250 condenados à prisão perpétua e de 1.700 detidos da Faixa de Gaza que foram presos após 7 de outubro", além da libertação de todas as crianças e mulheres.
O dirigente acrescentou que o Hamas seguirá trabalhando com as forças nacionais e islâmicas para "completar as etapas restantes garantir os interesses do nosso povo palestino, permitir que ele decida seu próprio destino e conquistar seus direitos até o estabelecimento de seu Estado independente, com Jerusalém como capital".
Entenda
Israel e Hamas chegaram a um acordo sobre a primeira fase de um cessar-fogo em Gaza, na qual está prevista a libertação dos reféns israelenses que estão vivos em troca da soltura de cerca de 2.000 palestinos após dois anos de guerra.
O Catar, que mediou as negociações junto com Egito, Estados Unidos e Turquia, informou que foi alcançada "a primeira fase do acordo para o cessar-fogo em Gaza, que levará ao fim da guerra, à libertação dos reféns israelenses e prisioneiros palestinos, e à entrada de ajuda humanitária" no território.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou na rede Truth Social que "TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos para uma paz forte, duradoura e eterna".
A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, destacou que o cessar-fogo em Gaza começará "nas 24 horas" seguintes à reunião do gabinete de segurança, que começou às 15h GMT (12h de Brasília).
Estas são as informações que sabemos sobre o acordo que deverá ser assinado nesta quinta-feira no Egito.
O que contempla o acordo?
Uma fonte do Hamas afirmou que o acordo prevê a libertação de 20 reféns israelenses que estão vivos em troca da soltura de 2.000 palestinos presos em prisões israelenses: 250 condenados à prisão perpétua e outros 1.700 detidos por Israel desde 7 de outubro de 2023.
A troca deverá ocorrer nas primeiras 72 horas de implementação do cessar-fogo, aprovado por outras facções palestinas, disse à AFP outra fonte do Hamas próxima às negociações. Trump apontou a segunda-feira como data para a libertação dos reféns.
O acordo também prevê a "retirada programada das tropas israelenses", junto com a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que segundo a ONU enfrenta uma situação de fome extrema, indicou um dirigente do Hamas.
Mais de 150 caminhões com ajuda já partiram do Egito rumo a Gaza, informou o Crescente Vermelho egípcio.
Uma fonte do movimento islamista calcula que pelo menos 400 caminhões com ajuda humanitária entrarão diariamente na Faixa de Gaza nos primeiros cinco dias do cessar-fogo.
Também prevê o "retorno das pessoas deslocadas" do sul da Faixa de Gaza para a Cidade de Gaza e outras localidades do norte do território palestino, acrescentou este dirigente.
O Hamas pediu a Trump que pressione Israel para aplicar plenamente o acordo no que lhe diz respeito.
Lista de presos palestinos
Um tema-chave nas negociações é a lista de presos palestinos que o Hamas deseja incluir na troca.
A porta-voz do governo israelense assinalou que Marwan Barghuti, um membro proeminente do Fatah, a facção palestina rival do Hamas, não fará parte deste intercâmbio.
"O que posso lhes dizer neste momento é que fão fará parte desta libertação", disse.
Barghuti está preso em Israel há mais de vinte anos e cumpre prisão perpétua por seu papel em atentados anti-israelenses. No entanto, ele goza de grande popularidade nas pesquisas sobre lideranças palestinas.
Questões pendentes
O recente plano de 20 pontos estabelecido por Trump, que serviu de base para as negociações, estipula o desarmamento do Hamas e que Gaza seja governada após a guerra por uma autoridade de transição liderada por ele mesmo. Essas questões ainda não foram abordadas.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, expressou, nesta quinta-feira, sua esperança de que o acordo possa levar ao estabelecimento de um Estado palestino independente.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e os membros de sua coalizão de governo são contra a solução de dois Estados.
Próximas etapas
O acordo será formalmente assinado nesta quinta-feira no Egito, informou à AFP uma fonte próxima que falou sob condição de anonimato.
O gabinete de Netanyahu afirmou, nesta quinta-feira, que o acordo para garantir a libertação dos reféns em Gaza só entrará em vigor após receber a aprovação de seu conselho de ministros.
"Ao contrário do que informam os meios de comunicação árabes, a contagem regressiva de 72 horas só começará uma vez que o acordo seja aprovado na reunião do gabinete, prevista para a tarde", afirmou o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
O governo de Netanyahu é uma frágil coalizão liderada por seu partido Likud, que depende de outras formações de extrema direita. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um importante aliado do partido Sionismo Religioso, já adiantou que não apoiará o acordo.
Uma fonte do Hamas disse que as negociações para a segunda fase do cessar-fogo devem começar "imediatamente".
Fonte: O Tempo.